quinta-feira, 17 de julho de 2014

A chuva entristece as noites do silêncio


A chuva entristece as noites do silêncio,
e o mundo lá vai nos seus automóveis.
Procuro em mim uma qualquer explicação,
trago-te no silêncio, na solidão.

Olhando através dos céus
nada fazemos senão esperar
que nele passem os anjos.

Oh duro coração,
será tão difícil acreditar?
Oh duro coração,
queres ou não tentar?
É tempo de acabar com a solidão.

Os teus olhos doces
vêm-me desequilibrar.
Sinais no coração,
é já tarde para escapar.

Há formas de estações
que eu descubro sem saber,
lugares onde um dia
gostava de morrer.

Oh duro coração,
toda a gente se cansa um dia,
de correr sem destino
pelas noites do silêncio,
até descobrir a madrugada.

E a todas as noites
sucede o nascer do sol.
O puzzle completa-se
quando os olhos se encontram.
Dizes-me tudo o que se pode dizer num olhar.
Agora sei onde o Sol se esconde.

Oh duro coração,
ainda bem que vieste,
dizer em segredo: «não fiques triste»,
e que eu também posso amar.

Mas a chuva entristece as noites do silêncio.
Sim,
a chuva entristece as noites do silêncio.

Éramos?


sábado, 5 de julho de 2014

Aqui, longe do Éden

Os meus olhos seguem as aves
pedindo-lhes boleia
para o meu íntimo suplicante.
Estou para lá dos vales
moro em todo o mundo
e albergo uma alma questionante.
Sabes por onde andei?
Matando a sede inocentemente
em águas salgadas de mundos distantes
ouvindo canções de busca
desta estranha pergunta que me ensombra a vida.
Pois não passo de um nómada
seguindo as miragens
as lendas que falam de um oásis
trazendo comigo esta coisa incerta e guardada,
que me fere a alma
e me molda a vida.

São longos os dias
e tão breves os anos.
Ainda agora nasci.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A aventura de existir


Será que tu não ouves?
Será que não consegues perscrutar o tempo?
Escuta a ronda dos silêncios
empurrando as memórias
para um poço sem fundo.
Só te resta esbracejar pelo teu acordar.
Será que tu não sentes?
Será que não distingues o silvar dos sonhos?
Escuta os uivos dos anseios
chamando por ti na noite,
na noite calada e longa,
dizendo que para seres feliz tens que os acompanhar.
Será que tu não notas?
Será que não escutas o arfar dos sentidos?
São cânticos dos desejos
que ecoam na noite nua,
linda e abandonada.
Deixa que um pouco de amor suborne o teu silêncio.
Será que não reparas?
Será que não vislumbras a silhueta do tempo?
É a sombra dos relógios
marchando tão compassados,
certos mas apressados,
assustando o teu silêncio, o teu longo esperar.
Será que tu não sabes?
Será que não adivinhas o que nos espera?
É a aventura de existir,
largando sem notar
rumo ao horizonte sem o podermos alcançar.