E eu explico-te:
Sou um planeta de sangue onde os dias felizes e os dias tristes são quase gémeos.
Um lugar onde os sorrisos e as lágrimas se tornaram amigos inseparáveis e a vida e a morte palavras perdoadas.
Um palpitar de floresta onde vagueiam lobos solitários, uivando ao longe em montanhas de neves cintilantes, chamando por mim, pelo caminhante que procura o rio dos castores e a planície onde cavalgam os cavalos selvagens.
Um lugar selvagem onde os sonhos hibernam como animais e uma floresta onde clarões rebentam no escuro.
Um acordar que não dorme, uma fronteira invisível.
Talvez uma espécie de dia, no qual o Sol é feito de cristais.
Talvez uma forma de noite, na qual fabrico bandeiras e sonhos proscritos, que se agigantam em pequenas brisas que despertam esperanças.
Uma guerra civil dentro de mim.
Uma forma de aula séria, em que explico aos sonhos a necessidade da sobrevivência, embora os sonhos não entendam as estradas onde nos perdemos.
Um mundo demasiado exposto às palavras que queimam, às palavras de guerrilha, por vezes armadas com mísseis terra-ar.
Um qualquer vírus que consome o meu oxigénio e que me leva a pensar que talvez eu seja feito de anti-matéria.
Uma madrugada.
Uma noite sem dormir.
Uma rua deserta, onde os cães se calam, só para ouvirem os meus sonhos a conspirar.
Um horizonte onde os teus olhos são sol e estrela.
Um estranho dentro do teu mundo, pedindo-te que me ouças.
Uma viagem em que hei-de morrer, à beira do universo.
Uma desculpa para respirar.
Uma alegria por existires.
Sim, é isso que eu sou.
Uma simples maneira de viver por dentro.
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