quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Bonita opinião de Leituras Mágicas, no instagram

Leituras Mágicas escreveu:

Classificação: 10/10 ⭐

Hoje trago-vos a review de um livro de Rui Conceição Silva.

"Deste Silência em Mim" foi-me cedido pela Visgarolho Editora (@visgarolhoeditora). Muito obrigada pela cedência do exemplar, foi um prazer colaborar convosco! Esta editora foi idealizada em ano ano de pandemia e nascida em 2021. Tem como objetivo publicar bons livros de autores de língua portuguesa. É uma editora que acarinha os seus autores, que os promove e apoia. Como podem ver, a Visgarolho, rege-se por princípios muito valiosos e, por isso, é que recomendo imenso que comprem com eles!

Nunca tinha lido nada deste autor e tenho a dizer que gostei muito da sua escrita. Escrita poética, que nos acalma a alma e toca no coração. Para não falar de que é um escritor português e vocês já sabem do quanto adoro apoiar a escrita portuguesa.

A capa deste livro é muito bonita. Simples, mas por vezes a simplicidade torna as coisas muito melhores e este é um desses casos.

É um livro com personagens que nos ficam na memória, que fala da amizade, das relações familiares, das coisas mais simples. Uma história que nos faz refletir da criança que um dia fomos.

Fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de ler este livro, recomendo sem dúvida a toda a gente!

Já leram este livro?

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Bonita opinião da leitora Mónica, no goodreads e no instagram

Mónica Cabral escreveu:

"Talvez os caminhos da vida sejam assim, feitos de boas e de más coincidências. De destinos que esperam por nós, se tivermos vontade de percorrer os caminhos tortuosos da vida e se conseguirmos contrariar as solidões em que nos afundamos. Porque sempre haverá uma luz que nos aguarda, em cada dia que nasce, apesar das sombras que trazemos no peito."

O nosso narrador, Rodrigo, vive com a família numa velha cabana isolada da aldeia onde aprende a crescer muito rápido e a ver os seus sonhos a esfumarem-se.

Através de uma narrativa intimista, Rui Conceição Silva, leva-nos até à montanha para conhecermos a infância de Rodrigo que foi duramente marcada pela morte do seu irmão mais velho Carlos na Guiné em plena Guerra do Ultramar, a relação mágica que tinha com o avô Josué que lhe ensinava a escutar os pássaros e a "escutar" o silêncio da montanha, os anos que passou na escola primária onde aprendeu a ler e a escrever, e onde se apercebeu que a leitura é a porta para novos mundos e finalmente leva-nos até ao dia em que um acontecimento extremamente traumático leva Rodrigo a virar as costas à família e à sua aldeia e partir para a cidade grande em busca de uma vida melhor .

Este é um livro sobre afectos, amizade, relações familiares, morte e sobre a enorme diferença entre a vida na aldeia e a vida na cidade e como por vezes não conseguimos apagar completamente o nosso passado e as nossas memórias, mesmo as mais dolorosas.

Deste Silêncio Em Mim tem uma escrita soberba, melancólica e muito poética que me encantou e me emocionou, um livro lindíssimo!

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Bonita opinião da leitora Patrícia no goodreads

Patrícia Bernardo escreveu:

História sobre um grande amor que perdura no tempo, sobre a amizade dos caminhantes, dois pintores que querem descobrir a beleza de Figueiró dos Vinhos e arredores, um professor que quer espantar a solidão, um estudante que os acompanha pela camaradagem, e uma terra lindíssima.

Quanto a mim, creio que era um sonhador remediado, destinado a viver sempre insatisfeito. E talvez seja essa a sina dos sonhadores, a de viver com o medo de não viver. A de ter de coabitar com esta sina, de escutar todos os chamamentos do mundo e de não ter tempo para os seguir.”

Não é uma história com o final feliz, mas com um final com muita esperança.

Porque a vida é uma bênção, um pequeno empréstimo do Universo."

“(…) naquele momento tão simples, percebi que a vida não acaba quando nos perdemos. Ela acaba quando nos rendemos.”

Porque a mesma ponte que nos leva para longe também nos pode trazer de volta a casa.”

Classificação: *****

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Bonita crónica de João da Silva, no jornal "Público"


LIVRO DE CABECEIRA

O vento da Estrela

Os ventos são sempre iguais e sempre diferentes (como as pessoas). O vento da serra não é igual ao vento do mar ou do rio, ao vento da planície ou do deserto, e muito menos ao da cidade. Diferenciam-se na voz, na intensidade, no cheiro, no rumo.

João da Silva

23 de Agosto de 2022, 7:56

Ao fim de meia hora de caminho, sentei-me no meio da estrada abraçado às pernas e com o queixo pousado nos joelhos. Não me cruzei com vivalma desde que comecei a caminhada a partir de Gouveia, a Princesa da Serra, em direção a Folgosinho. Sempre a subir na ida, sempre a descer no regresso. Se tudo na vida fosse assim tão certo. Fechei os olhos para ouvir o vento. À lembrança, chegaram-me as palavras de Alberto Caeiro: "Outras vezes oiço passar o vento, | E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido." A dada altura, senti uma presença junto a mim. Resisti a abrir os olhos, acreditando tratar-se do espírito da serra que me invadia. Respirei fundo, preenchendo-me daquele vento ímpar. Os ventos são sempre iguais e sempre diferentes (como as pessoas). O vento da serra não é igual ao vento do mar ou do rio, ao vento da planície ou do deserto, e muito menos ao da cidade. Diferenciam-se na voz, na intensidade, no cheiro, no rumo. Aproximam-se no livre-arbítrio. "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (João 3:3-8).

Quando abri os olhos, um enorme cão serra da Estrela mirava-me a menos de meio metro. Chegara silencioso, certamente intrigado por ver-me imóvel no meio da estrada, e aproximou-se para me cheirar. Mantive-me quieto, sentindo-lhe também o cheiro, até que se desinteressou e seguiu estrada abaixo. Voltei a fechar os olhos. Pensei no cão e na lembrança já enraizada da sua brevíssima presença. Nunca é a duração do evento que deixa marcas.

Desde miúdo que gosto de andar ao vento, ao contrário da maioria das pessoas que conheço, que preferem apontar-lhe os defeitos. Que os tem, e muitos. Mas eu sempre preferi olhar para o seu sentido figurado: vassouradas que separam o trigo do joio, levando o supérfluo e o lixo, separando o essencial. Discutível, claro. O contrário também sucede – poucas coisas na vida são tão "pão, pão, queijo, queijo" como as subidas e as descidas de uma serra. E, por vezes, o vento leva mesmo para longe aquilo que é importante, a saúde, a alegria ou o amor, deixando o superficial, a doença, a tristeza, o desamor.

Lembro-me de gostar de correr na rua quando estava vento. "Não vás lá para fora, João, está muito vento", ralhava a minha mãe. "É por isso mesmo que vou", pensava eu, correndo contra o vento com as lágrimas a fugirem dos olhos e o cabelo penteado pela ventania. Quando me cansava, montava-me às cavalitas do vento e voava.

"Hoje, o maior receio dos pastores é o de não ter o que dar de comer às cabras e ovelhas. A seca e o fogo atacaram com força", oiço no noticiário enquanto amanho um tomate. Sabendo o que ia encontrar no ecrã, enchi-me de coragem e voltei-me para encarar um cenário de destruição que me atordoou a alma. Interroguei-me, certo de não obter resposta: "Porquê?" Já de costas voltadas para o ecrã, ouvi o lamento de um bombeiro que assistiu ao fogo atravessar uma quinta em Gonçalo, distrito da Guarda: "O vento estava muito forte e a situação descontrolou-se, não pudemos fazer nada."

Nessa quinta, para escaparem à fúria do fogo, um homem e uma mulher tiveram de mergulhar com os filhos num tanque. Miguel, um menino de 10 anos, contou na primeira pessoa o que o bombeiro viu ao longe: "Foi um momento muito difícil. Houve uma parte que eu nem consigo explicar... Estava dentro de água, com as chamas por cima de mim e bolinhas pequeninas do fogo a saltar pelos terrenos..." E naquele instante, odiei o vento e a sua rebeldia. "Pois, naquele planalto onde moravam ventos, de pouco adiantava gritar as leis dos homens, porquanto aquele era o reino das coisas que não manipulamos", diz-nos Rui Conceição Silva, em Deste silêncio em mim (2021, Visgarolho Editora), livro que calhou estar a ler quando a serra da Estrela ardeu. O vento é uma personagem secundária que percorre todo o manuscrito de Rui Conceição Silva, que nos mostra as suas facetas, feitios e peculiaridades, virtudes e defeitos, enquanto nos relata a história de Rodrigo, um rapaz nascido e criado na montanha, que sonha fugir à vida de pastor para conhecer o mundo. Através de Rodrigo e de outras personagens marcantes, descobrimos silêncios, angústias, saudade, amor e a solidão da montanha, mas recordamos também que a solidão pode estar em toda a parte, mesmo quando estamos rodeados de gente.

Refletindo nas imagens da serra queimada e tentando antecipar o que encontrarei quando regressar a Gouveia e caminhar pela serra, voltei a tirar o livro de Rui Conceição Silva da estante e folheei-o, como quem procura um amigo em busca de conselhos. E o Rui, que não conheço, falou-me assim: "Chega sempre o momento em que cada um de nós se detém e pergunta, numa hora mais triste: 'O que será o amanhã? Conseguirei suportá-lo?' E essa pergunta traz-nos sempre um medo com rosto, o nosso próprio rosto, que tenta voltar às antigas feições, quando olhava em frente sem medo do futuro. Porque há notícias assim: mais do que o presente, assustam os dias vindouros. As nuvens instalam-se em nós, ensombrando os olhares que deitamos aos amanhãs desconhecidos, que já nascem semidestruídos. E que força haverá em todos nós, que nos leva a suportar todas as adversidades? Talvez seja pelas nossas certezas, pelas palavras já conquistadas nos nossos corações. Porque, quanto mais simples nos tornarmos, menos estaremos dependentes do jogo de sorte que é a nossa vida. São as grandes expectativas que nos derrubam."

Com o livro escancarado, relembro com clareza e paixão uma fria manhã de janeiro em que caminhava pelos lameiros que ladeiam as estradas desertas entre Gouveia e Folgosinho, observando o feno a dançar com o vento que me fustigava a pele do rosto. Fecho os olhos para o sentir e aceno ao milhafre que vigia todos os meus movimentos, desenhando círculos por cima de mim. Em seguida, sorrio ao recordar a ocasião em que, distraído a olhar o horizonte, fui surpreendido pelo inesquecível som do bater de dezenas de asas de perdizes rompendo entre as giestas. Sons que ficam. Como o do vento a entrar em nós. Aquilo que percecionamos através dos olhos reforça a barreira intransponível que existe entre a nossa mente e o que é exterior a nós, que está lá fora, num espaço onde as coisas são, mas nós não somos. Quando ouvimos, participamos, imergimos numa realidade indivisível, sem fronteiras, fluida. Somos o canto dos pássaros, o latido dos cães, o quebrar das ondas na praia, a gargalhada da criança, somos tudo o que ouvimos, somos vento. Ao ouvir o vento com atenção, podemos escutar o espírito dos nossos ancestrais. O que quer que o vento leve ou traga, seja alegria ou desgraça, é a vida a acontecer. Somos nós, o universo, tudo.

"Os espíritos são como o vento, eles estão contigo onde quer que tu vás. Consegues ver o vento? Consegues segurá-lo na tua mão? Os espíritos caminham contigo, fazes parte da sua família", disse o Régulo de Tambarara, localidade do distrito de Gorongosa, em Moçambique.

Termino, propondo um desafio: Depois de ler estas derradeiras linhas, vá escutar o vento, nem que sopre apenas uma leve brisa. Feche os olhos e interrogue-se: "O que me diz?" Nada? Persista. É importante escutar o sopro do vento (escutarmo-nos). Só para ouvi-lo, vale a pena ter nascido.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Bonita opinião da leitora Rita no goodreads

Rita Santos escreveu:


Este livro é dos mais bonitos que li na minha vida! 

Bem escrito com uma história tão bonita que é impossível não criar empatia por todos. 

Adorei!


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Uma bonita opinião, na Wook

 Ana Santos escreveu:

Uma agradável surpresa. 
Cada vez mais me convenço que temos de dar oportunidade aos bons escritores nacionais e que são quase desconhecidos. 
Fico grata à amiga que me indicou este livro.
Muito bom.

sexta-feira, 25 de março de 2022

Bonita opinião no Instagram

matinee_de_leitura escreveu: 

Confesso que não sou fã de romances. No entanto, foi com alguma alegria nostálgica que li este livro de @rui_conceicao_silva.
Embora eu seja da geração seguinte, revi-me na minha aldeia, na taberna tasca que também era mercearia, nas ruas lamacentas e até na iluminação pelo petromax (embora no meu caso apenas quando falhava a luz elétrica, ainda que muito frequentemente).
É um romance carregado de dor mas também de reencontro com a paz interior. Um sinal de esperança.
"A verdadeira liberdade existe dentro de nós e não por fora. Se decidires ser um homem livre, sê-lo-ás sempre, independentemente da tua condição."
Porque recordar também é viver, vale a pena ler...

Recomendado!