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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Bonita opinião de Leituras Mágicas, no instagram

Leituras Mágicas escreveu:

Classificação: 10/10 ⭐

Hoje trago-vos a review de um livro de Rui Conceição Silva.

"Deste Silência em Mim" foi-me cedido pela Visgarolho Editora (@visgarolhoeditora). Muito obrigada pela cedência do exemplar, foi um prazer colaborar convosco! Esta editora foi idealizada em ano ano de pandemia e nascida em 2021. Tem como objetivo publicar bons livros de autores de língua portuguesa. É uma editora que acarinha os seus autores, que os promove e apoia. Como podem ver, a Visgarolho, rege-se por princípios muito valiosos e, por isso, é que recomendo imenso que comprem com eles!

Nunca tinha lido nada deste autor e tenho a dizer que gostei muito da sua escrita. Escrita poética, que nos acalma a alma e toca no coração. Para não falar de que é um escritor português e vocês já sabem do quanto adoro apoiar a escrita portuguesa.

A capa deste livro é muito bonita. Simples, mas por vezes a simplicidade torna as coisas muito melhores e este é um desses casos.

É um livro com personagens que nos ficam na memória, que fala da amizade, das relações familiares, das coisas mais simples. Uma história que nos faz refletir da criança que um dia fomos.

Fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de ler este livro, recomendo sem dúvida a toda a gente!

Já leram este livro?

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Linda opinião da leitora Patrícia no goodreads

Patrícia Cabrinha escreveu:

Um livro belíssimo, daqueles para se ler devagar e degustar as palavras, muitas vezes poéticas. Um livro especial e único, de uma editora também ela especial e única.

É um livro de afectos, intimista, que fica a ecoar dentro de nós. Um livro nos fala das relações familiares, da amizade, da dicotomia cidade/campo, da solidão, de nos reencontrarmos connosco próprios.

É também um retrato real do país naquela altura: o trabalho (duro) no campo de sol a sol, a solidão e o isolamento das aldeias, o analfabetismo, a pobreza extrema, a imigração para a grande cidade ou para outros países na procura dos sonhos (à custa do quê?) e a consequente desertificação do interior.

Os meus parabéns à editora Visgarolho pela coragem de assumir este projecto em tempos de pandemia e também pelo inegável amor aos (bons) livros.

Parabéns também ao Rui Conceição Silva, um autor que não conhecia, mas que vou agora seguir com atenção.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Entrevista ao Grupo "O que é PORTUGUÊS é BOM!", do Facebook

https://www.facebook.com/groups/443681989867935 

1)      O que é, para si, escrever?

É uma necessidade interior de criar e de me reinventar. Certamente idêntica às dos pintores, dos escultores, dos músicos, de todos os criadores de arte. Não é um hobby, pois causa alguma angústia e é um processo muito solitário. Mas creio que o destino de um escritor é ateimar até morrer. Ateimar nas palavras em busca de mais um livro. Será assim até ao fim.

2)      Quando percebeu que queria ser escritor?

Desde jovem que sonhava um dia escrever romances. Mas não era uma necessidade interior. Só se manifestou essa necessidade após o suicídio do meu irmão Tózé, em 2012. Quando o Sol Brilha resultou da urgência de falar da perda de alguém que amamos. Como uma espécie de absolvição ou de redenção. Eu amava muito o meu irmão, tínhamos quase a mesma idade e costumávamos dizer que éramos gémeos com catorze meses de diferença. Era o meu melhor amigo, o meu confidente. Hoje, todos os meus livros são para ele. Pois eu sei que ele está algures no silêncio. Sinto-o muitas vezes comigo. Os irmãos nunca deixam de existir.

3)      Escreve apenas pelo prazer da escrita (se depois for publicado tanto melhor) ou já com o objectivo de publicar o livro?

Escrevo, não tanto pelo prazer, mas por essa necessidade interior. E, quando escrevo, não penso na publicação. Vou construindo o rascunho ao sabor das palavras, sem saber se tem ou não valor. Só quando o termino, e deduzo que possa valer a pena ser publicado, me preocupo então em fazer uma revisão o mais séria possível, por respeito aos eventuais leitores. Nessa fase, sim, começo a pensar numa hipotética publicação. Mas, enquanto escrevo, sigo apenas essa necessidade interior de criar.

4)      Sempre que começa a escrever um novo livro, de onde surgem as ideias?

Por norma, surgem de um acontecimento simples. No “Quando o Sol Brilha”, lembro-me de ter ido ao Gerês com a minha mulher e os meus filhos e de, a certa altura, ao olhar para o horizonte, me ter convencido de que tinha avistado os garranos selvagens, que tanto queria ver. Mas foi apenas uma visão. Uma simples ilusão de óptica. Por sorte, dois dias depois, acabei por conseguir vê-los e ficar maravilhado. Mas fixei essa ideia, a de ter visto primeiro os cavalos na minha imaginação. E daí o velhote do meu livro, que via cavalos que mais ninguém via. No “Dei o Teu Nome às Estrelas”, tudo começou quando li um artigo, que falava dos quadros desaparecidos do pintor José Malhoa. E imaginei um quadro que ele tivesse pintado e que se tivesse perdido no tempo. Depois, como ele viveu cinquenta anos aqui em Figueiró, onde inclusive morreu, percebi que era sobre isso que queria falar. Dele e da sua amizade com Manuel Henrique Pinto, uma amizade quase lendária na minha terra, neste confim do mundo, de infinita beleza e triste. No “Deste Silêncio em Mim” tudo começou quando vi um vídeo de um grande amigo meu, tocando tambor para a montanha. Sozinho, tocando para os ancestrais, sabendo que eles o escutavam. Creio que isso é um bem inestimável, saber que Deus está em tudo o que existe e que a morte não é o fim. Que a alma é apenas energia condensada, que se liberta quando morremos, para se fundir com o Universo. E esse panteísmo fascina-me, o sermos partes de um todo universal, presente na natureza e em todas as formas de vida. Nesse dia, onde outros viram um vídeo, eu vi um possível livro.

5)      Descreva-nos, por favor, um pouco o seu processo de escrita.

Confesso que é um pouco lento. Infelizmente, nunca senti um “cataclismo da alma”, como o que atacou Gabriel Garcia Marquez antes de escrever o Cem Anos de Solidão. Não tenho esse dom. Sei que nunca o terei. Sou apenas uma pequena migalha na Literatura, que tem de trabalhar muito mentalmente, para construir textos que justifiquem a eventual publicação do que escreve. Daí que, até agora, só tenha publicado livros de três em três anos. Normalmente, escrevo à noite, quando o silêncio é mais abundante. Tenho a sorte de viver numa aldeia, que me proporciona essa tranquilidade. Mas o meu processo de escrita é realmente lento. O primeiro capítulo é sempre uma luta. Escrevo-o e reescrevo-o várias vezes. Por vezes, deixo-o mesmo para mais tarde, e dou por mim a escrever o segundo, terceiro, quarto capítulo. Mas eu creio que o mais importante é irmos escrevendo. E encararmos cada capítulo como parte de um todo.

6)      Faz planos antes de começar a escrever um livro?

Planos escritos ou esquematizados, não. Mentalmente, sim, um pouco. Mas já sei que, a certa altura do rascunho, as personagens vão para onde querem. E eu gosto disso, de o rascunho ir para onde tem de ir. A única coisa que respeito é a mensagem base. Acho que isso é fundamental. Mas gosto das ideias que vão surgindo. Do não estar fechado em ideias estanques.

7)      Quanto tempo leva a escrever um livro?

Cerca de sete-oito meses. Depois, mais três ou quatro a trabalhá-lo. Apesar de já ter 58 anos, não tenho pressa. Não sinto essa sofreguidão de ver livros publicados. Por exemplo, agora estou de volta de um rascunho, e passo dias a pensar mais nele do que a escrevê-lo. Apesar de já ter partes escritas, ainda estou a tentar integrar-me naquele espaço, naquele tempo. O “estar lá”, e viver como que uma vida paralela, faz-me andar nas ruas distraído. Acho que a minha família e as pessoas da minha terra já estão habituadas a ver-me assim, a pensar num rascunho e com a cabeça no ar.

8)      Quando a história se desvia do plano inicial, pode obrigar a rever e reescrever partes. É mais difícil reescrever ou escrever pela primeira vez?

É mais difícil escrever pela primeira vez. Criar será sempre mais difícil do que aprimorar. Talvez por isso, reescrever certas partes dá-me até algum prazer, como se fosse um pintor retocando um quadro. Mas esse reescrever é também uma oportunidade de reflectir sobre partes do texto, tendo sempre presente que, por vezes, é preciso apagar muito do que se escreve. Que isso faz parte do processo.

9)      Sente que as personagens lideram o processo de escrita? Ou é da total responsabilidade do autor?

Como já disse anteriormente, as personagens, a certa altura, parecem soltar-se. Pode parecer estranho para quem não lê, ou lê pouco. Mas, para os leitores que leem muito, esta é uma verdade que facilmente aceitam. Às vezes, até parece que certa personagem contradiz o que dela se escreveu anteriormente. Mas as personagens são como nós, que também mudamos consoante a vida. E, nestes meus cinquenta e oito anos, já vi muita gente forte que se perdeu, e muita gente frágil que se agigantou. Na verdade, só sendo postos à prova percebemos a nossa força ou as nossas fraquezas. Assim são, muitas vezes, as personagens dos livros.

10)   Vamos ter livro novo? Se sim, para breve?

Para qualquer escritor, há sempre um manuscrito que se está a escrever. Mas escrever não significa necessariamente publicar. Sobretudo no meu caso, que não sei o que é ter um best-seller. Não tenho essa garantia, esse horizonte. Ainda assim, só tentarei publicar um novo livro se estiver satisfeito com o rascunho. E sei que, mesmo após a sua conclusão, dependerei muito da mestria de quem o vai editar. Por exemplo, o ”Deste silêncio em Mim” foi decisivamente melhorado pelo Rui Miguel Almeida, editor da Visgarolho. Além de um incrível leitor e de um grande escritor, o Rui é um extraordinário editor/revisor. Sem ele, o livro não teria a mesma qualidade.

Mas não, não tenho prazo para um novo livro. Acontecerá quando tiver de acontecer.

11)   Quais são os autores que o inspiram?

Muitos. Mas posso indicar alguns. Como Gabriel Garcia Marquez. Cem Anos de Solidão e Amor nos Tempos de Cólera exercem um grande fascínio sobre mim. Grande parte dos seus livros, bem como Llano em Chamas e Pedro Páramo, de Juan Rulfo, percursor do realismo mágico, são dos que mais reli até hoje. Gosto também muito de Luis Sepúlveda e de Primo Levi. Se Isto é um Homem foi dos livros que mais me marcou até hoje, por todas as atrocidades que o ser humano pode fazer ao seu semelhante. Noutro registo, admiro sobremaneira o Tolkien, por todo o legendarium que criou, desde o Silmarillion até ao Senhor dos Anéis. Dos autores portugueses, os que mais admiro são Miguel Torga, Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett, José Saramago, Maria Judite de Carvalho, Alves Redol e Eça de Queirós. E tenho um carinho especial por Júlio Dinis, pois foi o primeiro autor português que “conheci” na minha juventude, e a quem gosto sempre de voltar. Dos contemporâneos, admiro muito o Valter Hugo Mãe e o José Luís Peixoto. E estou agora a descobrir a Célia Correia Loureiro, que acho que vai ter um grande futuro. Mas ficam muitos por indicar, o que é sempre injusto. Ademais, também gosto de outras formas de literatura. Como a banda desenhada, por exemplo. Sou um grande fã do René Goscinny, co-autor do Astérix e do Lucky Luke. Adoro aquele tipo de humor.

12)   O que gosta de fazer quando não está a escrever?

Ler, passear, ver filmes e desporto na televisão, visitar os meus pais, ir à Biblioteca Municipal. E adoro estar com a minha mulher e com os meus filhos. Falamos e rimo-nos muito. Mas a maior maravilha da minha vida é brincar com os meus netos.

13)   O que é que os livros (os seus e os dos outros autores) lhe dão?

Dão-me novos mundos e a possibilidade de viver mil vidas. O prémio de me maravilhar com frases incríveis e de poder ler histórias fascinantes. A ventura de perceber novas maneiras de pensar e a possibilidade de descobrir outras formas de ver o mundo e a vida. No maravilhoso filme Shadowlands, sobre C.S. Lewis, há nele uma frase muito bonita: “Lemos para sabermos que não estamos sozinhos”. Um livro é sempre uma boa companhia.

14)   Enquanto leitor, qual o seu género favorito?

Gosto, sobretudo, de romances, de memórias e de biografias. Mas também gosto de poesia, sobretudo a de Eugénio de Andrade e a de Sophia de Mello Breyner. Creio que, sem me aperceber, todos os poemas que li desde os meus catorze-quinze anos, me ajudaram a ter uma espécie de prosa poética. Dos muitos géneros que existem, confesso que não sou grande fã de terror e de suspense.

15)   Escreveria um livro de um género fora da sua zona de conforto? Um livro de ficção cientifica, por exemplo?

A meu ver, e no que concerne especificamente à escrita, ficar na zona de conforto é algo natural. Todos passamos anos, por vezes décadas, a criar o nosso estilo e a nossa forma de estar e, abdicar disso, pode não ser benéfico. Hoje em dia, fala-se da zona de conforto como se fosse uma coisa má ou impeditiva, como uma espécie de fraqueza. Mas, se estamos bem e somos felizes assim, para quê mudar? Nem todas as mudanças são salutares. No meu caso, gosto do que escrevo. Continuar é o meu caminho. Mas compreendo que muitos autores precisem de novos desafios e de novos horizontes. Admiro-os por isso. Mas, admirar uma pessoa, não significa necessariamente que queiramos ser como ela.  

16)   Como é que os seus familiares, amigos e colegas de trabalho reagem a esta sua faceta de escritor?

Para os amigos, acho que sou o cromo que escreve livros. Mas já não estranham. Sabem que faz parte de mim, da mesma maneira que o meu jeito tímido e meio trapalhão. Para a minha família, eu sou apenas o Rui. Eles sabem que o facto de escrever livros não é o mais importante para mim. Que essa não é a melhor parte de mim. Na verdade, tento apenas ser boa pessoa e ultrapassar os limites em que nasci. Os meus avós eram lavradores e não sabiam ler. O meu pai foi um simples operário e a minha mãe funcionária dos Correios. Pela lógica, eu nunca seria escritor. Mas, tudo o que eles me ensinaram, com a sua sabedoria simples e repleta de amor triste, é que fez de mim o que sou. Hoje, apercebo-me de que toda aquela ternura e tristeza desaguam agora nos meus livros.

17)   Para finalizar, fale-nos um pouco dos seus livros publicados. Qual é o seu favorito? Qual foi mais difícil de escrever?

Acho que não tenho preferências. Todos ocupam um lugar especial no meu peito. Talvez o mais difícil de escrever tenha sido o Quando o Sol Brilha. Era o primeiro romance e ainda procurava a minha voz. Espero tê-la encontrado. 

·      Como nota final, quero agradecer-vos, Maria João Covas e Maria João Diogo, por esta entrevista e por ser o autor do mês no vosso grupo. É uma honra muito grande. Sou uma pessoa simples, e gestos como estes agigantam-se dentro de mim como lendas inesquecíveis. E agradecer tudo o que têm feito pela Literatura e pelos nossos autores. São pessoas como vós, que me fazem acreditar na bondade e na generosidade do ser humano. Que valerá sempre a pena investir num abraço, como este que vos deixo.

domingo, 20 de junho de 2021

Linda opinião da leitora Sandra, no Facebook

 Sandra Soares escreveu:

Há tantos anos com o "Dei o Teu Nome Às Estrelas" na estante e sem fazer a menor ideia de que era um livro fabuloso.
Adorei e recomendo. Acredite que me fez pensar nas "Viagens na Minha Terra", "No Amor de Perdição", "Nos Maias"... 
As suas descrições são fantásticas. O amor e a amizade, valores cada vez mais escassos na sociedade dos nossos dias, são soberbamente aprofundados neste livro. Foi impressionante como conseguiu agarrar-me com a sua forma de escrita, adequadíssima à época a que se reporta a historia. 
E lá fiquei eu com curiosidade de conhecer Figueiró dos Vinhos e de ler o seu outro livro.
Obrigada.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Uma bela opinião do blogue de referência "As Leituras da Fernanda"

 https://as-leituras-da-fernanda.blogspot.com/2021/06/opiniao-deste-silencio-em-mim-de-rui.html

Dos três livros que já li deste autor, "Deste Silêncio em Mim" é capaz de ser o mais intimista. Não sei se a história se baseia na vida de alguém próximo do autor, quiçá o próprio, mas tem de certeza muitos pedaços de verdade. É que ao ler esta história somos arrastados para um tempo e um lugar, que só com conhecimento de causa se poderia descrever assim, com tanta alma, com tanto amor.

E é isso que me leva a ler Rui Conceição Silva. Os seus livros têm a nostalgia dos tempos idos, a voz das crianças de que todos fomos, e a saudade de um tempo sem fim.

Simultaneamente, o autor consegue abordar temas tão característicos da vivência portuguesa da segunda metade do século passado, o analfabetismo de quem trabalha os campos, sem necessidade de dar cor às letras, a simplicidade da vida, a pobreza extrema da gente que vive da terra, a imigração para as grandes cidades e a consequente desertificação do interior.

Está lá tudo. A história de uma família de pastores, pobre e humilde, e de um dos seus filhos que decidiu seguir o conselho do avó e procurar outras paragens. É também a história do homem que venceu na cidade, mas soube regressar à sua montanha em busca do perdão e encontrou uma vida mais simples e mais feliz.

A escrita de Rui Conceição Silva é uma delícia. Cada frase quase um poema. As suas personagens são infinitas. Dificilmente as esquecerei. Este é um livro que recomendo para uma leitura calma, num ambiente bucólico, com os pássaros a cantar e a ouvir o vento nas árvores.

Parabéns, Rui. Mais uma excelente obra!

P.S. Não posso deixar de mencionar a editora Visgarolho, da qual esta é a sua primeira publicação, e dar os meus parabéns pela excelência do seu trabalho. 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Bonita opinião da leitora Célia, no Goodreads

Célia Gil escreveu:

Quando o Sol Brilha é um romance escrito por Rui Conceição Silva, um escritor português, nascido em 1963 em Figueiró dos Vinhos.
A ação decorre na Quinta dos jardins, em Granja dos Pardais, onde vive o narrador, Edmundo, a família, onde se inclui o pai de Edmundo, Felismino, também conhecido por Jardins, que deixou de reconhecer o próprio filho, a quem trata por vizinho e que passa os dias sentado numa cadeira à beira de uma janela, através da qual vê passar cavalos imaginários. Ficara assim desde que encontrou a mulher, Alice, morta na horta.
Numa linguagem metafórica e doce, onde perpassa a nostalgia de um passado perdido nas brumas da memória, o narrador relembra e conta-nos a sua vida. Os bons momentos da infância, da sua íntima relação com a natureza. Tornou-se uma pessoa triste, “refém da sua melancolia” quando, no fim da infância, aprendeu a “ler os rostos das pessoas”. Estudou apenas até aos dez anos, altura em que o pai o mandou pastar as ovelhas. Tinha um grande amor pelos livros e fazia-se acompanhar nos montes por livros que requisitava na biblioteca. A partir dos catorze anos, o pai arranjou-lhe emprego numa fábrica de fundição de vila velha. Casou com Evangelina e teve três filhos.
O narrador alterna histórias das pessoas da aldeia e a sua própria história pessoal, utilizando uma linguagem coloquial típica da região que retrata. É uma pessoa feliz.
Mas há um acontecimento na vida do protagonista que lhe vai roubar os sonhos e que o faz ver, pela primeira vez, os mesmos cavalos que o pai via e aos quais chamava de “os filhos do vento”. Este incidente despoleta incidentes tristes que vêm transtornar e transformar Edmundo, trazendo-lhe um sofrimento tão intenso que “todos os olhos morreram de lágrimas”.
Enternecedora e comovente. Nesta obra perpassa a dor, a angústia, a revolta que vem como um gélido silêncio, que não se evita, não se contorna, apenas para ser mais bonito.
Até que ponto este sofrimento pode arrastar o protagonista para o limbo ao ponto de deixarem de se reconhecer? Será que, após mergulhar neste sofrimento absoluto, é possível livrar-se da noite que lhe morava na alma? É possível que o sol volte a brilhar?
Esta é uma história que nos dói, porque, apesar de ficcional, a reconhecemos de histórias que presenciámos, pessoas que conhecemos, histórias que ouvimos contar e, por isso mesmo, com uma verosimilhança que a torna avassaladora.
Aconselho a leitura!

domingo, 13 de junho de 2021

Uma bonita opinião do blogue "Caderno Diário"

https://elsafilipecadernodiario.blogs.sapo.pt/quando-o-sol-brilha-46935

«Hoje terminei a leitura do livro de Rui Conceição Silva, "Quando o sol brilha". 

Conta a história de Felismino, o pai, e de Edmundo, o filho, e da família e das pessoas da aldeia. Fala-nos de um Portugal interior, um Portugal dos anos 60 e 70.

E conta-nos as desgraças sucessivas a que aquela família é sujeita, como lidam com elas e como depois de estarem quase a cair no abismo, se conseguem recuperar. O final não é um final feliz, porque faltam ali pessoas muito importantes. Edmundo e a mulher perderam um dos seus maiores bens e têm o coração destroçado, mas olham para o futuro que podem dar aos outros filhos, querendo sempre o melhor para eles.

É uma história comovente e ontem, quando lia uma das partes mais trágicas da história, dei por mim no parque do hipermercado, dentro do carro a chorar copiosamente. São assim os bons livros, trazem ao de cima as nossas emoções e ajudam-nos a lavar a alma.»

terça-feira, 23 de março de 2021

Uma bonita opinião, na Wook

Neuza escreveu:
 «Magnífico! Um dos melhores livros que já li: um misto de nostalgia, ternura,  tragédia e superação. Um ótimo retrato de uma família, de um povo, dos labirintos  da mente que tanta vez é posta à prova. Uma prosa ao mesmo tempo tão poética,  que nos faz refletir, sonhar e renascer a esperança! Para ler mais do que uma vez,  sem dúvida!»

domingo, 21 de março de 2021

Sugestão de leitura das Bibliotecas Escolares AE Albufeira

https://biblioaealbufeira.blogspot.com/p/viajar-nos-livros.html

«1883, Figueiró, uma terra perdida na imensidão das serras.
Joaquim, professor e narrador desta história, deixa um testemunho vivo das gentes da terra, num hino a Figueiró, a José Malhoa, a Manuel Henrique Pinto, aos caminhantes. É com eles que Joaquim descobre o lado bonito da sua terra, neste romance repleto de paisagens rurais.
O verdadeiro e eterno amor por Olinda nasce antes de a conhecer, apenas por ouvir a sua voz.

Este livro tem rasgos camilianos de Amor de Perdição e Queirosianos, pelo realismo, pelas tertúlias dos caminhantes, pela magnificência das descrições... Desperta- nos para o valor do que não é imediato e convida-nos a parar e escutar, salientando a importância do que nos falta viver... antes que seja tarde demais.»

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Uma bela opinião, num blogue literário de referência "As Leituras do Corvo"

http://asleiturasdocorvo.blogspot.com/2018/06/dei-o-teu-nome-as-estrelas-rui.html

Joaquim é um homem solitário numa terra onde domina a tranquilidade e onde as redes do progresso estão ainda a décadas de distância. Mas a tranquilidade de Figueiró dos Vinhos estende-lhe novas possibilidades com a chegada de um grupo de pintores com quem cria amizade. Começam assim os seus dias de glória - glória essa que aumenta ao escutar pela primeira vez o canto de uma voz encantadora. A dona da voz é Olinda e rapidamente lhe arrebata o coração. Mas Olinda está prometida a outro homem e aqueles são tempos em que a vontade de uma mulher não tem peso. Principalmente quando há dívidas e interesses a defender...  Com uma considerável componente descritiva e muito espaço para a introspecção e para os meandros dos conflitos e dilemas interiores, este é um livro de ritmo relativamente pausado, mas que, aliando uma escrita belíssima a uma história cujo poder se revela aos poucos, cativa desde muito cedo e nunca deixa de surpreender. Primeiro, pela beleza das palavras e pelo recuo a um passado tão amplamente caracterizado. E depois pela forma como amor, amizade, ligações familiares e o simples afecto que liga uma pessoa ao seu lugar no mundo fazem com que a história de toda uma vida possa fluir como de instantes se tratasse.
É uma história que vive tanto do interior - dos pensamentos, das decisões certas ou erradas, das emoções, das dúvidas e das percepções que se criam do mundo e daqueles que o povoam - como das acções exteriores. Tão importantes como as aventuras dos pintores, como a aproximação a Olinda e como os desenvolvimentos - felizes e amargos - desta história de amor, é o impacto que cada um destes elementos tem na vida interior do protagonista. Vida essa que é vastíssima, demorando-se em pensamentos e expressões de emoção moldadas ao ritmo da solidão. E há uma estranha beleza em tudo isto, pois, muitas vezes, o que se vive por dentro não transparece no exterior, pelo que, ao contar a história desta forma, o autor relembra as complexidades insuspeitas que, às vezes, se escondem nos labirintos da alma humana.
Não é uma leitura compulsiva. As longas descrições, a caracterização pormenorizada do ambiente e do contexto e as longas instrospecções do protagonista - introspecções que, por vezes, parecem traçar círculos completos entre um ponto e o seguinte da sua vida - exigem um certo tempo e concentração para que todos os pormenores sejam assimilados. Mas há na escrita uma tão cativante poesia que a leitura nunca se torna aborrecida. E mesmo quando as ideias se repetem - pois a vida de Joaquim parece levá-lo repetidamente ao encontro daquilo que mais o define - a história nunca se torna cansativa, pois há sempre um motivo para esses pensamentos e divagações.
No fim, fica a sensação de se ter viajado ao passado, caminhado com os mestres e assistido a uma história de amor que, não sendo fácil nem limpa, é precisamente por isso mais real. Cativante, surpreendente e magnificamente escrito, um romance que leva o seu tempo - mas que merece cada instante. 

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Mais uma bonita opinião, no blogue de referência "Manta de Histórias"

https://mantadehistorias.blogspot.pt/2018/04/dei-o-teu-nome-as-estrelas-opiniao.html

«Será que alguém pode ficar apaixonado, só ouvindo uma melodia da voz, sem ver a pessoa em questão?... e daí nascer um amor para sempre?
É o que acontece à personagem principal deste romance. E pelo caminho da vida vai encontrando outras paixões. A paixão pelos rios, as montanhas, a natureza, os cavalos, a charrete, os empedrados da rua, os caminhos de terra batida, a arte... a paixão pela terra que o viu nascer.
Mas será que a terra que o viu nascer, também o verá morrer? Isso os leitores terão que descobrir.
Eu rendi-me a esta leitura. Apesar de ser muito descritiva, fiquei envolvida e a imaginar cada lugar, cada personagem.
É uma história que fará soltar algumas lágrimas, em quem formais sensível. Não chorei mas faltou pouco.
Ao começar a leitura parece que aborrece, lá pelo meio do livro fiquei deslumbrada, antes do final, esfriei, ao pensar comigo, qual será o fim? Se já não pode ser um feliz para sempre?
Mas estava totalmente enganada, de todos os livros que já li, este é o final que mais de acordo eu estou, e que dá um sabor muito especial à história.
Algumas partes da história roubaram-me alguns sorrisos, com palavras pouco usuais. Entre muitas aqui deixo uma, e, com ela, faço uma «brindadela» ao autor.
Fico com vontade de visitar os lugares descritos.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Uma linda opinião, no blogue de referência "As Leituras da Fernanda"


«Antes de escrever seja o que for, tenho de agradecer ao autor pela homenagem prestada às terras que tão bem descreve e aos pintores que me levou a conhecer tão pormenorizadamente. Isto para além de nos ter brindado com uma história de amor lindíssima, daquelas que nos trazem as lágrimas aos olhos e nos amolecem o coração. Obrigada, Rui.

Após ter ficado encantada com o livro "Quando o Sol Brilha", voltei a encantar-me com este "Dei o teu nome às estrelas". Dei por mim a passear por terras que descobri há uns anos e que em 2017 foram devastadas pelos incêndios. Figueiró dos Vinhos, Pedrogão Grande, Ribeira de Age, Fragas de São Simão, e por aí fora... Vilas, aldeias e lugares portugueses que pertencem a um mundo à parte, longe do rebuliço dos turistas e do litoral, representam o que Portugal ainda conserva de mais puro e genuíno..

E foi exatamente a pureza das terras e das gentes que conquistou igualmente os pintores José Malhoa e Manuel Henrique Pinto, adeptos do Naturalismo, ou seja, um movimento na Literatura e nas Artes Plásticas, que se traduz num radicalismo do Realismo, em que se dá mais importância à representação fiel da natureza em detrimento da imaginação ou criatividade.
(Não sou grande especialista em Arte, pelo que espero ter conseguido passar a ideia corretamente. Que me corrijam os entendidos no assunto, caso esteja para aqui a escrever disparates.)

Bem, para quem quer saber do livro em si, desenganem-se se pensam que tudo o que vos falei acima, contribui para o tornar maçudo ou desinteressante. Muito pelo contrário!É absolutamente maravilhoso, cativante e interessantíssimo. E a forma como o autor entrelaçou a vida de pessoas que foram reais com personagens ficcionadas, é fabulosa! Para além do mais, esta história está maravilhosamente bem escrita, com a fluidez característica do autor, sendo que os meus post-its levaram um grande sumiço graças a este livro. Podem ver o resultado: uma lombada colorida a anunciar as pérolas escritas por Rui Conceição Silva.

Resumindo, convido-vos a ler este livro de coração aberto, e a apaixonarem-se pela região retratada e pela escrita deste autor tão português.»

quinta-feira, 9 de junho de 2016