Será que tu não ouves?
Será que não consegues perscrutar o tempo?
Escuta a ronda dos silêncios
empurrando as memórias
para um poço sem fundo.
Só te resta esbracejar pelo teu acordar.
Será que tu não sentes?
Será que não distingues o silvar dos sonhos?
Escuta os uivos dos anseios
chamando por ti na noite,
na noite calada e longa,
dizendo que para seres feliz tens que os acompanhar.
Será que tu não notas?
Será que não escutas o arfar dos sentidos?
São cânticos dos desejos
que ecoam na noite nua,
linda e abandonada.
Deixa que um pouco de amor suborne o teu silêncio.
Será que não reparas?
Será que não vislumbras a silhueta do tempo?
É a sombra dos relógios
marchando tão compassados,
certos mas apressados,
assustando o teu silêncio, o teu longo esperar.
Será que tu não sabes?
Será que não adivinhas o que nos espera?
É a aventura de existir,
largando sem notar
rumo ao horizonte sem o podermos alcançar.
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