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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Bonita opinião no blogue "A Biblioteca da João"

https://abibliotecadajoao.blogspot.com/2024/10/opiniao-rui-conceicao-silva-arvores.html

Maria João Diogo escreveu:

Fico sempre feliz quando regresso a um autor que gosto muito. Mais ainda quando se trata de um autor português, como é o caso de Rui Conceição Silva.

“Árvores Tombadas” marca o seu regresso e, mais uma vez, não desilude! Há duas características nos seus livros que adoro. Primeiro, a escrita, sempre cuidada, cada frase é um deleite de ler, apreciar e sentir. Depois a história, que nos oferece um pouco do nosso Portugal rural, neste caso, dos anos 40. A caracterização daquela época, naquele espaço é deliciosa. E ainda que eu seja e tenha sido sempre uma “menina da cidade”, adoro sentir esta nostalgia (e saudade!) associada aos meus avós paternos.

Esta narrativa dá-nos a conhecer Estrela, uma jovem professora que vai dar aulas para uma aldeia do interior de Portugal. A recepção a esta nova professora não é a mais calorosa, numa época em que ser mulher e professora, ainda para mais jovem, era quase um insulto. Estrela irá enfrentar, por isso, muitas situações desagradáveis, mas a sua paixão pelo ensino e a forma como se relaciona com as crianças rapidamente as cativam.

A elas e a Ricardo, filho de uma das famílias mais abastadas da região, com ideias um tanto contraditórias da maioria. A relação entre os dois vai ser construída com base no respeito mútuo, muito bonito de assistir.

E serão eles, Estrela e Ricardo, juntamente com uma terceira voz não identificada, os narradores desta história, que formarão o retrato daquela sociedade, dos acontecimentos trágicos que assolaram a aldeia, em particular das meninas Teotónia e Ritinha. A relação destas meninas com Estrela é o ponto alto deste livro. Adorei cada doce momento!

Se algo tenho a apontar a este livro prende-se apenas com as transições de vozes, principalmente entre Estrela e Ricardo, que não achei serem muito perceptíveis e que me provocou alguma confusão na leitura, principalmente ao início quando ainda os estava a conhecer.

Este facto não tira nenhuma qualidade ao livro. Adorei esta leitura, que me voltou a oferecer momentos de leitura de qualidade e que não posso deixar de recomendar!

terça-feira, 15 de junho de 2021

Uma bela opinião do blogue de referência "A Biblioteca da João"

http://abibliotecadajoao.blogspot.com/2021/06/opiniao-rui-conceicao-silva-deste.html

Quem procura um livro assente nas raizes portuguesas e rurais, este é o livro certo. Rui Conceição Silva faz aqui um retrato do Portugal profundo, recorrendo a uma escrita exímia. É um deleite de ler!

Rodrigo é um jovem habitante de uma aldeia perdida no nosso mapa. Vive com o seu avô, os pais e os irmãos numa casa bastante pobre, reflexo da vida simples que levam. O seu destino está, à partida, traçado: seguir os passos do seu pai e ser o próximo pastor da família. E assim será, quando faz 12 anos, o pai começa a transmitir-lhe os seus conhecimentos, de como e para onde conduzir o rebanho. Assim que Rodrigo toma a seu cargo esta tarefa, percebe o quão grande é o silêncio e o isolamento inerentes a esta profissão, mas que ele aceita por desconhecer as alternativas. Até ao dia... em que um estranho homem, com o seu tambor, toca para ninguém no meio das montanhas. Incutido pela curiosidade, Rodrigo aproxima-se deste estranho sucessivas vezes até chegar à fala com ele. Descobre então que o Sr. João vive na cidade mas é ali, no meio do nada, que comunica com quem já partiu, através do seu tambor. Será também o Sr. João a despertar em Rodrigo a necessidade de procurar outra vida. Face a certos acontecimentos trágicos, Rodrigo decide largar tudo e rumar ao desconhecido, para a cidade grande. Mas será ele mais feliz no meio do barulho, do movimento, das pessoas que não se conhecem ou na “sua” montanha, embora totalmente isolado, mas acompanhado dos seus silêncios?

Este é um livro para ler devagar, porque a escrita assim o exíge. Exige ser apreciada! Cada frase foi meticulosamente construída, para formar um todo quase poético. Achei-a de uma beleza impar e que dá gosto ler. Se a forma é fantástica, o conteúdo não o é menos. Acredito que este tenha sido o retrato de vida de uma ou duas gerações atrás, os avós de hoje que nasceram nas lindas aldeias do nosso país mas que sentiram o apelo das cidades, acabando por contribuir para a desertificação do interior.

É uma história de vida, real, sem contos de fadas nem finais felizes. É um exemplo de vida de quem teve de deixar famílias para trás em busca de um sonho, que sofreu a distância e a culpa da ausência, em busca de melhor. Uma história muito verdadeira!