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A narrativa das personagens torna toda a história profundamente humana e reflexiva.
É uma relação que transcende barreiras sociais, num mundo onde os pobres não eram mais do que instrumentos de trabalho e onde a infância era muitas vezes uma palavra vazia.
A ligação entre a professora e a menina humilde mostra o poder transformador do afeto e da empatia, que achei um história linda.
Além disso, o breve romance entre Estrela e Ricardo Falcão acrescenta uma passagem de beleza e de profunda tristeza, mostrando os encontros que, mesmo poucos, podem marcar uma vida inteira.
Se tivéssemos que recuar no tempo e viver como eles, muitos de nós sentiríamos o choque da simplicidade e da deficiência. A vida sem tecnologias, a dependência direta da terra para o sustento e os nossos hábitos trariam um contraste brutal com a modernidade.
Este livro sem dúvida foi um desafio para mim, a dureza da narrativa (difícil de digerir, violência...), o ritmo das reflexões das personagens podem não agradar a todos, e uma história muito concentrada no campo pode não ser do agrado de todos os leitores.
O autor Rui Conceição Silva quis passar para o leitor como era viver no campo e o falar rural, preservando a memória de um tempo em vias de esquecimento.
Não é um livro para quem procura acção, é um livro para ler com calma e alma. É um bom livro para os jovens de hoje lerem e refletir.
O fim... se pudesse era outro final... mas nem sempre é o que queremos.»