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terça-feira, 17 de agosto de 2021

Uma bonita opinião do blogue de referência "O Tempo entre os meus Livros"


Temos cá bons escritores e não sabemos! Este livro foi uma grata surpresa e é prova disso! Foi-me enviado pelo autor e aguardava a sua vez na estante que é como quem diz, aguardava vontade minha. Não leio por obrigação. Quando assim é, nunca resulta e já sei que a leitura se vai arrastar. Por isso prefiro sentir este apetite e deixar que a vontade seja dona e senhora das minhas leituras. Por vezes nada leio da sinopse e nada espero. Assim, deixo-me surpreender e, neste caso, foi com muita satisfação que me  envolvi na escrita e na história narrada por este autor.  

É pela voz do narrador que, ainda em criança, nos conta como foi a sua infância no meio da serra, bastante longe da aldeia mais próxima, no Portugal de Salazar. Muito perspicaz mas também muito inocente, Rodrigo vive muito a solidão e o isolamento, mas faz-nos sorrir amiúde com as suas "descobertas" ou suposições que explicam o mundo segundo os seus olhos. Uma ironia fina, um toque de mestre numa escrita que faz o leitor sentir-se em casa mesmo quando as experiências vividas pelo pequeno narrador não correspondem às suas, nem são, tampouco, similares às recordações que possuímos. 

O retrato de Portugal dessa época está muito bem conseguido. A pouca literacidade, a pobreza extrema, a ignorância e as baixas expectativas de todo um povo estão espelhados nas palavras do autor. O "salto" para França ou a ida para uma grande cidade portuguesa na busca de uma vida melhor de tantos portugueses. O retrato de um Portugal que muitos desconhecem (e ainda bem!) que me deu muito prazer em visitar e relembrar. 

Depois, a tristeza de todo um povo quase que se pega ao leitor numa segunda parte em que essa criança é obrigada a crescer (mais depressa que o que é habitual hoje em dia) e sente-se essa melancolia nas palavras do autor.

Recomendo muitíssimo.

Terminado em 18 de Julho de 2021

Estrelas: 5* 

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Artigo do blogue Terras da Ribeirinha, sobre o livro "Crónicas d'um Tempo" do meu saudoso irmão TóZé

https://terrasdaribeirinha.wordpress.com/2021/02/13/cronicas-dum-tempo/

Crónicas dum Tempo é o título de um livro composto por dezenas de crónicas, publicadas em vida pelo autor na comunicação social e editado pelo seu irmão, Rui Conceição Silva, em Dezembro de 2012, da autoria de Tozé Silva, ilustríssimo “filho” de Figueiró dos Vinhos.

António José da Conceição Silva e Lima, de seu nome completo, mais conhecido como Tozé Silva, nasceu a 13 de Fevereiro de 1962 em Figueiró dos Vinhos, filho de Higino Silva e de Fernanda da Conceição Silva e faleceu a 9 de Outubro de 2012.

Crónicas dum Tempo é composto por quase nove dezenas de textos que o autor publicou no jornal “A Comarca” de Figueiró dos Vinhos, onde mantinha uma crónica permanente, chamada “Miradouro da Comarca” e mais tarde renomeada de “Crónicas dum Tempo”. É precisamente este título que vem dar nome ao seu espaço na blogosfera:“Crónicas dum Tempo” (http://booklandia.pt/tozesilva/). Era através do seu blogue que Tozé Silva estabelecia um contacto interactivo para divulgar os aspectos relevantes do espaço territorial de Figueiró dos Vinhos, sobretudo os factos e os locais que fazem parte da história e da memória colectiva e de algumas figuras notáveis deste Concelho. Com estes textos mantinha activas as consciências da comunidade sobre os valores históricos e patrimoniais, capazes de projectar o futuro das gerações vindouras. Nas dezenas de textos que foi publicando fala-nos de quase tudo: da história, do património cultural, arqueológico e industrial; de pintura e de escultura; dos artistas (Simões de Almeida e José Malhôa); das histórias das ruas; das religiões; dos incêndios e dos bombeiros; dos lugares com memória, das Filarmónicas; das guerras e seus heróis; dos usos, costumes e tradições; da doçaria tradicional, etc…

Permitam-me que destaque uma das crónicas deste livro (páginas 222 a 224), a propósito de uma visita que a Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património realizou ao Convento de Nossa Senhora do Carmo, em Figueiró dos Vinhos (http://www.albaiaz.pt/NA_22.pdf) e que teve como guia o Tozé Silva. O autor escreveu: “Na continuação do programa “Espaços do Sagrado” a Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património visitou, no dia 21 de Janeiro [2012], o Convento de Nossa do Carmo de Figueiró dos Vinhos [fundado em 1598]. O objectivo desta Associação é dar a conhecer o património de vertente religiosa dos concelhos do norte do distrito de Leiria, a fim de o valorizar e realçar as suas mais-valias em termos históricos, arquitectónicos e culturais e contribuir para fomentar a importância da sua riqueza patrimonial, como contributo potencial para o desenvolvimento turístico da região.”

Nesta crónica, Tozé Silva revelava o seu sentimento e a sua enorme satisfação em poder colaborar na divulgação da história e do património da sua terra-natal, Figueiró dos Vinhos: “Nesta visita tive a honra de ser convidado pela Associação «Al-Baiaz» para guiar os visitantes que vieram de vários concelhos do distrito de Leiria.

Sobre o livro Crónicas dum Tempo, é uma excelente recolha dos imensos trabalhos de investigação divulgados pelo Tozé e dados à estampa, postumamente, pelo seu irmão Rui Conceição Silva. A divulgação deste livro pelo Terras da Ribeirinha, hoje, dia 13 de Fevereiro de 2021, tem como principal objectivo relembrá-lo no dia em que completaria 59 anos. Aqui fica a nossa lembrança e a nossa humilde mas sentida homenagem ao Tozé, insigne investigador da história e do património da região do Norte do Distrito de Leiria.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Outra linda opinião, do blogue de referência "O tempo Entre os Meus Livros"


«Confesso que esperava um romance "light" quando abri este livro. Talvez pelo título e/ou pela capa. Nas primeiras folhas nāo tive disso a confirmaçāo mas também nāo me empolguei totalmente. Algumas descriçōes, que achei belas, um subtil enquadramento à época (1883, Figueiró dos Vinhos) que achei perfeito. Mas, a história nas primeiras páginas nāo "avançava" grandemente, pareceu-me. No entanto, a escrita límpida, escorreita e cuidada, fez-me continuar com agrado. Como referi, o ambiente foi cuidadosamente estudado e bem descrito, fazendo-me anotar alguns sítios deste Portugal, que às vezes desconhecemos, para visitar em dias de mais calor (Foz de Alge, por ex.). Ao fim de umas poucas dezenas de páginas, a situaçāo alterou-se e a história prendeu-me. Joaquim Matheus é um jovem pobre que, com a ajuda do padrinho, conseguiu fazer com que as palavras escritas, a sua grande paixāo, definissem o seu modo de vida: era o mestre-escola da terra onde tinha nascido. Mas foi sempre um rapaz solitário, sem grandes amigos, metido com os livros e pouco mais. A situaçāo muda um pouco quando conhece dois jovens pintores (José Malhoa e Manuel Henrique Pinto) que tinham ido passar férias e conhecer Figueiró. Juntam-se, assim, alguns amigos que, explorando os sítios idílicos dos arredores, fazem caminhadas e passeios. Pintores, poetas, amantes de livros, inventores de palavras.
Joaquim apaixona-se por Olinda. Mas o leitor nāo se pode esquecer que a história se passa no século XIX. Outros hábitos e costumes fazem parte de um Portugal rural e retrógado que impediu muitos amores...
Gostei de tudo nesta obra. Se passarem pelo meu instagram (aqui) podem ler um pequeno trecho que lá coloquei e bateu fundo cá dentro. Sāo as palavras do autor sobre o que eu tinha pensado já. Muito bom. Recomendo!

Terminado em 24 de Março de 2018
Estrelas: 5* »