segunda-feira, 21 de maio de 2018

Uma linda opinião no Goodreads

Lídia Craveiro escreveu, no Goodreads: 

«Que linda história de Amor, do século dezanove/vinte. Há mesmo muito tempo que não lia um livro tão ao estilo de Camilo Castelo Branco, e que bem que me soube.
Viajar por Figueiró pelo olhar de Joaquim Matheus, José Malhoa - sim, o pintor - e outras personagens que o autor tão bem colocou no enredo, foi uma bênção para a alma. Parabéns ao Rui Conceição Silva.»

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Mais uma bonita opinião, no blogue de referência "Manta de Histórias"

https://mantadehistorias.blogspot.pt/2018/04/dei-o-teu-nome-as-estrelas-opiniao.html

«Será que alguém pode ficar apaixonado, só ouvindo uma melodia da voz, sem ver a pessoa em questão?... e daí nascer um amor para sempre?
É o que acontece à personagem principal deste romance. E pelo caminho da vida vai encontrando outras paixões. A paixão pelos rios, as montanhas, a natureza, os cavalos, a charrete, os empedrados da rua, os caminhos de terra batida, a arte... a paixão pela terra que o viu nascer.
Mas será que a terra que o viu nascer, também o verá morrer? Isso os leitores terão que descobrir.
Eu rendi-me a esta leitura. Apesar de ser muito descritiva, fiquei envolvida e a imaginar cada lugar, cada personagem.
É uma história que fará soltar algumas lágrimas, em quem formais sensível. Não chorei mas faltou pouco.
Ao começar a leitura parece que aborrece, lá pelo meio do livro fiquei deslumbrada, antes do final, esfriei, ao pensar comigo, qual será o fim? Se já não pode ser um feliz para sempre?
Mas estava totalmente enganada, de todos os livros que já li, este é o final que mais de acordo eu estou, e que dá um sabor muito especial à história.
Algumas partes da história roubaram-me alguns sorrisos, com palavras pouco usuais. Entre muitas aqui deixo uma, e, com ela, faço uma «brindadela» ao autor.
Fico com vontade de visitar os lugares descritos.

Uma bonita opinião do blogue 'Guerra dos Livros'

http://guerradoslivrosblog.blogspot.pt/2018/02/leitura-62018-dei-o-teu-nome-as-estrelas.html

«Esta leitura foi um pouco diferente das que costumo ler. Achei muito parecido com os livros de Camilo Castelo Branco. Dei o teu nome às estrelas é um romance tipicamente português. Podia ter sido a história dos nossos avós. O livro retrata também a diferença entre classes e sobretudo entre homens e mulheres, da importância dos grupos associativos e da importância de ler. Joaquim é um professor que se apaixona pela dona de uma voz maravilhosa e que apesar de ser correspondido, não será um amor feliz. Uma leitura calma e realista.»

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Mais uma bonita opinião, da escritora Letícia Brito

http://leticiabritoescritora.blogspot.pt/2018/04/dei-o-teu-nome-as-estrelas-de-rui.html

«Se há livros que me encantam magistralmente são os romances, sem dúvida alguma, embora leia de tudo um pouco e os thrillers psicológicos tenham grande destaque nas minhas estantes. O romance continua a ser O Género, se me faço entender! 
Quando peguei neste livro, o meu encanto prendeu-se na capa - bastante simples e simultaneamente apelativa - e no título - este último sugeria que o romance seria dentro de um registo «light» mas conhecendo a escrita do autor Rui Conceição Silva, escorreita e um tanto poética, logo me surpreendi com a profundidade desta obra.
Nas primeiras páginas, o autor dá-nos a conhecer as terras de Portugal, dá-nos um maravilhoso retrato do século XIX, das gentes, dos costumes... O que torna a leitura bastante interessante pelo conhecimento que nos transmite.
Mais adiante, a história ganha outra intensidade, ora, Joaquim é o mestre-escola da terra, solitário e maravilhado pelos livros. É um verdadeiro mestre das palavras, e isso é notório nos próprios diálogos que tem no decorrer da narrativa - uma narrativa, por sinal, bem estruturada e bem cuidada. 
Joaquim apaixona-se por Olinda, no entanto, num Portugal retrógrado nem todos os amores se concretizavam com a facilidade dos dias atuais... 

Uma mensagem bonita sobre os caminhos do amor, uma história doce e profunda que vale a pena ser lida por todos!»

Outra linda opinião, do blogue de referência "O tempo Entre os Meus Livros"


«Confesso que esperava um romance "light" quando abri este livro. Talvez pelo título e/ou pela capa. Nas primeiras folhas nāo tive disso a confirmaçāo mas também nāo me empolguei totalmente. Algumas descriçōes, que achei belas, um subtil enquadramento à época (1883, Figueiró dos Vinhos) que achei perfeito. Mas, a história nas primeiras páginas nāo "avançava" grandemente, pareceu-me. No entanto, a escrita límpida, escorreita e cuidada, fez-me continuar com agrado. Como referi, o ambiente foi cuidadosamente estudado e bem descrito, fazendo-me anotar alguns sítios deste Portugal, que às vezes desconhecemos, para visitar em dias de mais calor (Foz de Alge, por ex.). Ao fim de umas poucas dezenas de páginas, a situaçāo alterou-se e a história prendeu-me. Joaquim Matheus é um jovem pobre que, com a ajuda do padrinho, conseguiu fazer com que as palavras escritas, a sua grande paixāo, definissem o seu modo de vida: era o mestre-escola da terra onde tinha nascido. Mas foi sempre um rapaz solitário, sem grandes amigos, metido com os livros e pouco mais. A situaçāo muda um pouco quando conhece dois jovens pintores (José Malhoa e Manuel Henrique Pinto) que tinham ido passar férias e conhecer Figueiró. Juntam-se, assim, alguns amigos que, explorando os sítios idílicos dos arredores, fazem caminhadas e passeios. Pintores, poetas, amantes de livros, inventores de palavras.
Joaquim apaixona-se por Olinda. Mas o leitor nāo se pode esquecer que a história se passa no século XIX. Outros hábitos e costumes fazem parte de um Portugal rural e retrógado que impediu muitos amores...
Gostei de tudo nesta obra. Se passarem pelo meu instagram (aqui) podem ler um pequeno trecho que lá coloquei e bateu fundo cá dentro. Sāo as palavras do autor sobre o que eu tinha pensado já. Muito bom. Recomendo!

Terminado em 24 de Março de 2018
Estrelas: 5* »

Uma linda opinião, no blogue de referência "As Leituras da Fernanda"


«Antes de escrever seja o que for, tenho de agradecer ao autor pela homenagem prestada às terras que tão bem descreve e aos pintores que me levou a conhecer tão pormenorizadamente. Isto para além de nos ter brindado com uma história de amor lindíssima, daquelas que nos trazem as lágrimas aos olhos e nos amolecem o coração. Obrigada, Rui.

Após ter ficado encantada com o livro "Quando o Sol Brilha", voltei a encantar-me com este "Dei o teu nome às estrelas". Dei por mim a passear por terras que descobri há uns anos e que em 2017 foram devastadas pelos incêndios. Figueiró dos Vinhos, Pedrogão Grande, Ribeira de Age, Fragas de São Simão, e por aí fora... Vilas, aldeias e lugares portugueses que pertencem a um mundo à parte, longe do rebuliço dos turistas e do litoral, representam o que Portugal ainda conserva de mais puro e genuíno..

E foi exatamente a pureza das terras e das gentes que conquistou igualmente os pintores José Malhoa e Manuel Henrique Pinto, adeptos do Naturalismo, ou seja, um movimento na Literatura e nas Artes Plásticas, que se traduz num radicalismo do Realismo, em que se dá mais importância à representação fiel da natureza em detrimento da imaginação ou criatividade.
(Não sou grande especialista em Arte, pelo que espero ter conseguido passar a ideia corretamente. Que me corrijam os entendidos no assunto, caso esteja para aqui a escrever disparates.)

Bem, para quem quer saber do livro em si, desenganem-se se pensam que tudo o que vos falei acima, contribui para o tornar maçudo ou desinteressante. Muito pelo contrário!É absolutamente maravilhoso, cativante e interessantíssimo. E a forma como o autor entrelaçou a vida de pessoas que foram reais com personagens ficcionadas, é fabulosa! Para além do mais, esta história está maravilhosamente bem escrita, com a fluidez característica do autor, sendo que os meus post-its levaram um grande sumiço graças a este livro. Podem ver o resultado: uma lombada colorida a anunciar as pérolas escritas por Rui Conceição Silva.

Resumindo, convido-vos a ler este livro de coração aberto, e a apaixonarem-se pela região retratada e pela escrita deste autor tão português.»

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Uma opinião muito bonita, na Wook

Carla Mendes escreveu:

«Romance extraordinário, que descreve todos os lugares de Figueiró dos Vinhos com encanto, personagens adoráveis, com um sentido de humor maravilhoso. Estou a adorar, já me fez recordar algumas vivências do passado (bem mais recente) mas os lugares são os mesmos com a mesma magia. Parabéns Rui.»

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Dei o Teu Nome às Estrelas

Chega às livrarias, no dia 17 de Janeiro, o meu novo livro ‘Dei o teu nome às estrelas’, com chancela Marcador.

Sinopse:

«Em 1883, numa terra como tantas outras, perdida na imensidão das serras e longe dos olhares do mundo, vivia Joaquim, professor e narrador desta história, um homem sem alento, esperando por tempos que não vinham.

Contudo, nesse ano, chegam à terra duas pessoas que irão mudar a sua vida para sempre: José Malhoa e Manuel Henrique Pinto, semeadores de maravilhas. É com eles, e com outros caminhantes, que Joaquim encontrará o lado bonito da sua terra, qual paraíso escondido entre montanhas.

Um dia, ele escuta a voz de Olinda, a mulher que lhe seduz os silêncios e os sonhos, e fica preso a esse amor, o único que guardará eternamente.»

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Uma bonita opinião

A simpática Manuela Gonçalves Pereira escreveu, sobre “Quando o Sol Brilha”:

«Não há como descrever este livro. É daqueles que toca [n]o leitor de formas diferentes e conta tantas histórias quantas as que existem em quem o lê.

Obrigada, Rui Conceição Silva, por tudo o que o livro conta, mas, sobretudo, sobre o que diz sobre mim. Pois considero-me também uma personagem deste livro.

E a história não acaba aqui… Este livro prolongou a sua história e, até [e para] chegar às minhas mãos, nem imagina o que tem para contar, numa espécie de teoria da conspiração (como assim gosto de chamar para dar mais poesia à história) que envolveu 2 amigas (eu e a S.) num conjunto de peripécias que mais pareciam um filme de ficção. Mas, eis que tenho o livro, que veio para ficar, e será lido várias vezes, pois mais parece uma obra em constante transformação, assim como cada leitor que a absorve.

Não dá para o descrever senão lendo…

Obrigada!»

quinta-feira, 9 de junho de 2016

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Uma linda opinião

A simpática Etelvina Ramos escreveu esta maravilhosa opinião, tão completa e tão bela:

«Rui, ler o teu livro QUANDO O SOL BRILHA é ter uma viagem ao mundo da dor profunda, para depois ter um terminus num apeadeiro cheio de esperança. Escreves duma maneira magistral. Utilizas as palavras dum modo mágico, porque nos arrebanha para dentro da história. Não consegui, como costumo fazer, ter lido de enfiada. Tive que interromper, pelo menos, quatro vezes para fazer uma espécie de luto. Senti tristeza imensa. Depois recomeçava. Mas, desde o início, apaixonada pelo Jardins e pelo seu gato Puças. O homem pela sua capacidade e modo de amar. Que depois da perda da sua amada entra num mundo, onde por vezes, vou com as minhas personagens. Talvez, todos os escritores. Um sítio onde não há amarras, maldade, dor ou escuridão; um sítio onde o amor continua a trilhar caminho, aumentando em intensidade em vez de estagnar, pois o encontro - o segundo! - está para breve. O Puças, por gostar de gatos e por saber que são mágicos. São os únicos que conseguem entrar nos sonhos dos humanos. Digo-o por experiência própria. Que melhor companheiro para a personagem Felismino se não um gato especial?! Se fosse um cão estaria errado. Só um bom escritor adivinha estas coisas. Em relação ao Edmundo, que deve tocar no coração de muitas mulheres leitoras, teve em mim o efeito de me levar até ti. Vi-te nele. Tive um flash, quando ele fala dos livros do Tarzan e do Sandokan, e vi o teu rosto menino, outro que não sei quem é, o Fernando Batista e também o Carlos Jorge, a entrarem na biblioteca. Eu trabalhava no Turismo, ao lado, e substituía sempre o Gustavo, nas suas baixas médicas, que foram inúmeras. Será que te lembras? Não interessa isto. Apenas, que estava ali o pequeno Edmundo. Revi-te várias vezes, durante a leitura. Como mulher casada, não posso "perdoar" o relacionamento da personagem com a Margarida, apesar de compreender que foi uma luz que ajudou no caminho duro da escuridão e lhe tornou mais doce a jornada. Porque não foi a mulher?! Mas o escritor é quem dita as regras. Não pude deixar de sofrer por ela, também. Ou seja, trilhei com aquelas personagens um percurso de dor. Ainda bem que tudo se compõe e que o final é bom e algo inesperado. Resumindo: gostei muito. Foi um dos, poucos livros, que me afectaram. Sendo uma narrativa escrita de modo tão magnífico, não posso deixar de te admirar e aguardar, ansiosamente, o próximo livro. Sendo, portanto, um livro que recomendo a leitura. Tudo que demonstra o bom que é, está expresso nestes pequenos excertos de QUANDO O SOL BRILHA, que ficaram marcados em mim: «Que a vida já não é uma longa estrada sem fim, mas antes um pequeno caminho num simples vale, entre contrafortes de grandes montanhas. Que tem de existir amor, uma qualquer forma de amor, um pretexto de alma que nos impulsione a partilhar.» «(...) que a luz da manhã é melhor do que qualquer sonho que a noite possa ter oferecido.» «(...) acordar, mesmo que ferido, é melhor do que morrer sem cicatrizes». Sublime! És um escritor que encontrou a sua alma. Rui, é um privilégio conhecer-te! Da tua leitora e fã, um abraço com carinho.»

sábado, 29 de agosto de 2015

"Quando o Sol brilha": opinião do Blogue "Bloguinhas Paradise"


http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/2015/08/opiniao-quando-o-sol-brilha-rui.html

"Quando o Sol Brilha é sobre Edmundo, um homem simples de uma terra modesta que, como todos nós, é mais do que parece à primeira vista.

Tenho de confessar que este livro não foi uma leitura fácil. Demorei algum tempo a perceber a forma como o autor narrou os acontecimentos e a entender o seu propósito. De facto, só a partir de cerca do meio do livro é que consegui compreender a linha temporal da história. Por isso, quando pegarem neste livro, lembrem-se que há coisas que só serão compreendidas com o passar das páginas.
Começando por relatar acontecimentos felizes, a narrativa vai, progressivamente, adquirindo um teor mais pesado, algo que já estávamos à espera pelo que é relatado na sinopse. Na realidade, o autor fala e descreve estes temas de forma muito clara e profunda.
Ao longo da leitura transparece, de forma muito evidente, a enorme capacidade que Rui Conceição Silva tem de criar uma história, demonstrando saber usar eximiamente a metáfora para nos fazer sentir o que a personagem está a vivenciar.
Além do mais, relata a vida de pessoas que, apesar de imperfeitas, possuem uma capacidade enorme de perdoar e de amar. Para mim, o herói não foi a personagem principal, mas sim todas as pessoas que o rodeavam, e que fizeram com que fosse possível que este se redimisse dos erros que tinha cometido.
Esta obra aborda vários temas, como a perda,o sofrimento,a dor, o amor e a família. Não é um livro para ler calmamente ao sol. É uma história que exige atenção do leitor, que, em vários momentos, deixará certamente quem a esta a ler incomodado, mas que possuí palavras de grande beleza e maturidade.
«Que mesmo no deserto existem oásis que nos podem salvar. Mas que, para isso, é preciso que tenhamos aprendido a orientar-nos pelas estrelas.»"

quarta-feira, 20 de maio de 2015

"Quando o Sol brilha": opinião do Blogue "As Leituras da Fernanda"



«Há algo de especial em ler um livro que foi originalmente escrito na nossa língua mãe. É que não há comparação, mesmo que a tradução seja muito boa. E quando um livro está tão bem escrito como este que agora terminei, a sua leitura é mágica, toca-nos nas terminações nervosas, e quando chegamos à última página, sentimo-nos mais cheios, mais completos.
Não conheço o autor, e pelo que parece este é o seu primeiro romance. Espero que encontre mais histórias dentro de si, e que continue a escrever, dando-nos a possibilidade de o ler.
A história é simples. É a história de uma família, passada numa aldeia perdida nos confins de uma serra no tempo do outro senhor. Mas a forma como nos é contada… logo desde as primeiras palavras, sabemos que transpusemos uma porta e não podemos voltar atrás. Sabemos que temos de continuar a ler.

«Acho que vi cavalos no horizonte.»
Disse o meu pai com olhos de luz, naquele sábado tão longe dos sonhos.
Assim começa o livro.
E de imediato somos transportados para aquele lugar. À medida que as letras desfilam perante os nossos olhos, somos embalados pelo relato de uma vida, pela história de uma aldeia, pelo caminho que uma família que tem de percorrer para lidar com a perda e arranjar maneira de sobreviver. E a própria história é relato desse percurso, que nem sempre é fácil, pois um caminho cheio de pedras é sempre difícil de percorrer. Mas o autor consegue transformar a dor em esperança, por isso este é também um relato da redescoberta da esperança, do amor.

«Que a felicidade está no amor que distribuímos e que apenas recebemos amor para que o passamos redistribuir por aqueles que amamos. Porque o náufrago que chega à praia sabe que a sua vida nunca mais será igual. Que há agora um tempo diferente dentro do mundo, anos que se transformaram em instantes e futuros que se transformaram em hoje e agora. Que os sonhos já não são feitos de triunfos nem de dias ainda longínquos, mas sim da sensação de acreditar. Que as estrelas à noite já não são tão discretas como dantes, mas sim os olhos do Universo e da imensidão, pontos de luz que nos podem salvar, indicando-nos o Norte e o Sul, o Leste e o Oeste. Que a vida já não é uma estrada sem fim, mas antes um pequeno caminho num simples vale, entre contrafortes de grandes montanhas. Que tem de existir amor, uma qualquer forma de amor, um pretexto de alma que nos impulsione a partilhar. Pois o náufrago que chega à praia sabe agora que a luz da manhã é melhor do que qualquer sonho que a noite possa ter oferecido. Que acordar, mesmo ferido, é melhor do que morrer sem cicatrizes. Que mesmo no deserto existem oásis que nos podem salvar. Mas que, para isso, é preciso que tenhamos aprendido a orientar-nos pelas estrelas.»

Este livro é um hino. A uma época, à inocência e ao amor.
Espreitem a sinopse, e deixem-se envolver pela história de Edmundo, um homem simples, que amava a sua família, e que gostava de ler. Leiam o livro e deixem-se encantar com as palavras de um autor que escreve com o peso da alma na ponta da caneta…

«Dizia-se na aldeia que a madrugada libertava músicos da floresta. Que era um bosque encantado. Uma daquelas tolices que muitos acreditam. Não obstante, a floresta era generosa. Quando as giestas acordavam, deixava passar o sol educadamente, e este entrava nas ruelas da aldeia como se fosse uma espécie de salvador. Ao vê-lo, as almas dos aldeões beliscavam os corpos e diziam-lhes: «Acorda, preguiçoso, que o dia está bonito e os campos anelam a tua presença.»
(…)
Em volta da aldeia, existiam hortas bem cuidadas e muitos pastos penteados pelo vento, bosques adormecidos como cães velhos e uma ribeira que não descansava, trabalhando dia e noite a levar água.»

Absolutamente maravilhoso!»

domingo, 26 de abril de 2015

"Quando o Sol brilha": opinião do Blogue "BranMorrighan"



 «Opinião: Eu e os livros temos esta relação em que muitas das vezes são eles que me escolhem a mim e não o contrário. Por vezes até tenho um título em mente que quero ler, mas basta-me passar os olhos por outro que rapidamente a escolha fica feita. Com Quando o Sol Brilha foi mais ou menos assim. Como não é de um género literário que eu leia com frequência, deixei que chegasse a altura em que me ia sentir compelida a lê-lo e aconteceu realmente numa altura propícia, quase propositada. Se num mês perdi duas pessoas que me eram queridas, nesta obra encontrei a partilha da dor que senti com o seu protagonista, deixando assim que as emoções circulassem pelos devidos percursos.
Rui Conceição Silva não é um estreante no nosso universo literário, mas é um estreante no que ao romance diz respeito. Esta sua primeira obra pela Marcador, procede uma anterior, género fantástico, publicada pela Editorial Presença. Na altura, com "Escrito dos Ancestrais" (Campos de Odelberon), sob o pseudónimo Rodrigo McSilva, constatei logo que estávamos perante um escritor cheio de potencial, com uma narrativa estruturada, coerente, pensada e emocionante. Se por um lado o fantástico não é um género apreciado, por outro vemos agora um explodir no interesse perante este Quando o Sol Brilha. 
O Rui que me perdoe, mas acho que é necessário referir que, na minha opinião, só quem já sofreu uma grande perda consegue olhar para a morte de frente e abordá-la como ele o fez neste livro. E ele perdeu, o seu tão amado irmão há já algum tempo. E isso nota-se nas pequenas coisas, naqueles momentos em que é tão difícil preencher os vazios. 
Começamos por conhecer uma vila em tempos idos, uma família que vive dentro dos parâmetros ditos normais em que o marido é operário, a mulher cuida da casa e do jardim, e os filhotes andam na escola. O avô perdeu-se, perdeu-se para um tempo e espaço onde encontrou o seu refúgio após a perda da sua querida amada. Respira, mas são os seus cavalos que lhe despertam ânimo, cavalos esses que mais ninguém os consegue ver, só imaginar. Felismino, o filho, o operário, vai-nos relatando o presente e o passado como se polaroids nos fossem sendo mostradas com uma nostalgia saudosista. A linguagem puxa à tradicional do interior, aos diminutivos (coisa que estranhei, confesso, demasiado tempo a viver na cidade), às paisagens corriqueiras de um tempo em que ainda nem a electricidade tinha chegado às casas.
E depois vem a perda, o vazio, aquele sentimento de amputação em que sabemos que nunca mais seremos os mesmos depois daquele momento. Felismino não é excepção. Entre a bebida e a fuga da realidade, sob os braços de uma mulher, é na reflexão e no sentido de sobrevivência e amor que acaba por renascer. A acção tem um bom ritmo, a eloquência é algo que está inerente na escrita de Rui Conceição Silva e os personagens estão bem explorados e caracterizados. Nem todos iremos concordar com as opções do protagonista, eu certamente me revolvi em algumas fases, mas penso que a compreensão será transversal. Gostei.»

quinta-feira, 16 de abril de 2015

"Quando o Sol brilha": opinião do Blogue "As Leituras do Corvo"



«Edmundo é feliz no seu pequeno mundo. Na aldeia, onde todos se conhecem e conhecem as desventuras dos que os rodeiam, todos falam de Jardins, do velho que vê cavalos num horizonte onde eles não existem, o mesmo velho que olha para Edmundo e o trata por vizinho por já não o reconhecer como filho. Mas, apesar de tudo, há uma estranha tranquilidade na sua vida, no quotidiano do trabalho, do regresso a casa, das horas passadas a ler à luz de um Petromax, do amor do pai, da mulher, da irmã e dos filhos. Até que, um dia, um acidente muda tudo e as perdas começam a suceder-se. Perdido o controlo da sua vida, Edmundo terá de se reencontrar. E de descobrir que, apesar da dor, da perda e dos erros, a vida continua sempre...  
Intimista, quase introspectivo, este é um livro que, narrado pela voz do protagonista, mas sem deixar de abrir portas para a vida das outras personagens, vive tanto de emoções como de acontecimentos e, por isso, olha para a vida de uma maneira diferente. A história é, acima de tudo, a de Edmundo, mas não só. A família, os amigos, os vizinhos são igualmente importantes. E é por isso que a história parte dos pensamentos de Edmundo mas se estende ao pequeno grande mundo da aldeia e das suas gentes, reflectindo tanto a história das pessoas como a dos lugares.
Tendo isto em conta, um dos primeiros elementos a sobressair é precisamente a caracterização da vida na aldeia, naquela como em muitas outras do seu tempo. O meio pequeno onde todos se conhecem e todos se ajudam, mas onde também quase todos falam mal uns dos outros. A estranha solidariedade de olhar com benevolência os caídos, mas sem silenciar as palavras duras no momento em que eles se afastam. A censura em pleno contraste com a aceitação, a convivência amigável contra as guerras que nascem por nada. Um mundo tão pequeno, em suma, mas tão complexo que tudo o que nele existe é importante.
Mas, se o meio é importante, mais o são as pessoas. E é de Edmundo e dos seus, e do que nasce dos sentimentos que neles vivem, que surge a verdadeira alma desta história. Uma história traçada em tristeza, em nostalgia, em dor. Dor ante a perda, tristeza ante o que não volta, nostalgia ao recordar o passado no bem e no mal. Sentimentos que se definem na história nem sempre perfeita das personagens, mas que têm muito de comum com a vida de quem os lê.
O que me leva a ainda um outro ponto forte - e talvez o mais marcante - nesta leitura: a escrita. Há uma estranha harmonia no tom de quase confissão com que o autor dá voz ao seu protagonista. Um toque de poesia, definido por um conjunto de frases marcantes, que contrasta com a aparente simplicidade das vidas e do cenário, e que, assim, aproxima o leitor das personagens, dando aos mais difíceis sentimentos as palavras certas para o transmitir. E de tudo isto, emerge uma estranha beleza, triste como a perda, mas bela como a vida. E cativante. Muitíssimo cativante.
No fim, ficam acima de tudo as emoções e a memória. A memória de uma história que é tão simples e, apesar disso, tão intensa e marcante. A história de uma vida que podia ter sido a de qualquer um e que por isso cativa, surpreende e comove em todos os momentos certos. E que fica na memória, pois claro.»

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Mãe que reza

Mãe. Nada se compara a ela neste mundo. 
Quando eu e o Tózé éramos pequeninos, aguardávamos ansiosos pela chegada da nossa Mãe a casa. Quando chegava, dávamos-lhe um pequeno abraço e íamos logo bisbilhotar a mala dela. Sabíamos que ela nos trazia sempre alguma coisa. Um chocolate, umas bolachas, uma guloseima qualquer. Mas, sobretudo, sabíamos que a nossa Mãe, antes de vir para casa, passava sempre na papelaria do Sr. Manuel Rosa, para nos trazer um livro de banda desenhada. Às vezes, até trazia mais do que um. E era uma festa! O momento mais bonito do dia. Pois, eu e o meu irmão sabíamos que, na mala da nossa mãe, vinham sempre coisas boas para nós. 
No dia seguinte, líamos o livro umas vinte vezes. Como um mapa do tesouro, um pequeno pedaço de alegria. Em cada leitura, parecia ter sempre coisas novas. À tarde, chegava o Zé Batista, o irmão que adotámos, e ficávamos horas a ler livros e a bebericar café com leite, que saboreávamos com montanhas de bolachas Maria com manteiga. Não sabíamos nada dos mundos lá longe. Nem sequer precisávamos deles. Pois tínhamos o nosso mundo, o lugar onde só havia risos e uma singela forma de felicidade. E a minha Mãe era feliz por nos ver felizes.
Hoje, a minha Mãe chora um filho que partiu. Um filho para quem trazia pequenas alegrias dentro da sua mala. Um filho de que tanto se orgulhava. Chora às escondidas, porque, como sempre faz uma mãe, procura o amor de um filho em recordações bonitas. Em memórias de quando ele era pequenino. O seu primeiro dentinho. Os primeiros passos. O dia em que ele foi para a escola. E reza todos os dias para que a sua alma esteja em paz. Pois, nem na morte, uma mãe deixa de cuidar do seu filho. Cuidará sempre dele. Terá sempre uma fotografia dele junto à Nossa Senhora. Nunca deixará apagar-se a luz da lamparina e nunca se esquecerá de rezar as orações. 
E falará com ele, sem que ninguém o saiba. Pois, até ao fim dos tempos, será sempre, e sobretudo, Mãe.


domingo, 23 de novembro de 2014

Pai que chora

O meu Pai vai todos os dias até junto do túmulo do meu irmão TóZé. Esteja o tempo que estiver, mesmo enfrentando o temporal, faz questão de acender uma vela, que deixa num pequeno dispositivo em que a vela se mantém acesa.
Sei que o meu Pai o faz com muito amor, como uma mensagem de enorme saudade pelo seu filho.     
Por vezes, acompanho-o, e ali ficamos os dois a chorar junto do Tózé. A falar com ele em silêncio.
A chuva, fria e injusta, quase não tem importância. Torna-se apenas um pormenor, uma voz quase silenciosa da natureza. E recordo a amizade que o meu irmão tinha pelos dias de chuva, pela suavidade com que os fios de água dançavam com o vento. 
Lembro-me dos dias em que eu e ele ficávamos à janela, vendo a chuva cair sobre a vila e sobre os campos. Éramos pequeninos e empoleirávamo-nos em duas cadeiras, e ficávamos ali, a ver os regos de água acastanhada que pareciam rios, descendo da Madre de Deus. Ainda não havia a estrada para a Escola Secundária, mas apenas um pequeno carreiro entre olivais. 
Eram dias felizes. E a chuva era nossa amiga. 
Hoje, que o TóZé partiu, escuto tristeza nela. Já não é a chuva que tanto amámos. É apenas uma companheira, que se junta a mim e ao meu Pai para chorarmos o amigo que partiu. 
Sei que o meu Pai, como um peregrino, irá sempre visitar o TóZé. Mesmo que o dia tenha cara feia e a chuva pareça um chicote, ele irá sempre. 
Porque, um pai que perde um filho, se fosse necessário, até desafiaria um vulcão, só para estar por momentos com o seu filho. A sós, com ele. 
Sim, o amor de um Pai é uma das maravilhas do mundo. 
Uma das poucas certezas da nossa vida.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A chuva segreda-me ternuras

A noite aproxima-se, Figueiró recebe a chuva triste. Os lugares da vila têm rostos do passado, talvez feixes de luz, talvez sombras doces. É aqui que vivo, no meio de todos os rostos da minha vida, os que ainda vivem e os que já partiram, segredando-me ternuras na chuva

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O meu irmão TóZé foi ver o universo

Faz hoje dois anos que o meu irmão TóZé pôs termo à vida, no dia 9 de Outubro de 2012. 
Desde então, secretamente e discretamente, procuro o meu irmão nos lugares de mim onde ele ainda perdura. Chamo por ele, para que ele volte a preencher os meus dias. Mas o eco do meu chamamento alastra pelos sítios mais tristes da minha alma sem que ele volte. 
E aqui, neste lugar triste onde chamo por ele, e no qual jazem muitas das minhas memórias derrotadas, apenas tenho soldados sem esperança que lutam como podem, empunhando espadas de lágrimas contra a solidão. É um lugar triste, ausente do mundo, e onde vivo como um pedinte, com saudade de ternuras que se afastam no horizonte.
Nesta solidão escondida, a minha noite é a minha trégua, quando o eco do meu chamamento e os ventos de Outono se diluem no primeiro sono. Penso sempre nele antes de adormecer e levo-o para o meu silêncio. Por fim, quando adormeço e fico longe da minha tempestade, no preciso momento em que a noite se mete dentro de mim num bálsamo de silêncio, sinto-me viajante do universo, como ele. 
Pois é triste perder um irmão. Ficar aqui a ver-me silenciar lentamente.
Podia contar-vos a sua história. Falar das maravilhas que existiam no seu coração. 
Mas não sei se isso vos interessaria. 
Apesar de ser a pessoa mais prodigiosa da minha vida, o meu irmão TóZé era uma pessoa simples. Não era um rei, nem um príncipe. Uma estrela de cinema ou um astro da música. Nem sequer era a pessoa mais importante da sua rua, do seu bairro. Morreu quase anónimo, despercebido do mundo, e a sua obra nunca constará na Wikipédia, nos manuais escolares ou nos livros de história.
Mas era o meu irmão. 
E irmão é uma das palavras mais bonitas do universo. Uma palavra acima de Deus. Só comparável a pai, mãe, filho. Uma palavra mais sagrada do que todos os santos e todos os deuses.
Sim, eu tive um irmão.
Chamava-se TóZé e foi um irmão perfeito.
Deixo-vos algumas das suas últimas palavras, do livro “Aprender a recordar”:
«Agora preciso de ir. 
Preciso de regressar a mim, porque os sonhos já não me esperam. Ontem, estive lá, no velho recanto da minha memória, e arrepiei-me com um monte deles inacabados. Já não posso perder mais tempo com os construtores de pessoas. Pois é duro ouvir a noite da desconfiança, como se fosse um riso na escuridão, para um velho palhaço que esgotou os seus números. Cansei-me de todos os que catalogam os outros, de quem não tem jeito para tecer refúgios, de quem gosta de disparar setas na noite.
Ah, se a vida fosse uma lagoa calma! E que as suas águas saltassem das margens, numa correnteza maravilhosa, e que, por maiores que fossem os diques, transbordassem rebeldemente, impetuosamente, espalhando o amor por todos os campos e florestas! Ah, se isso fosse possível, inundar toda a gente com amor! Iríamos então passear pelo pasto verde dos campos e os nossos dias seriam lindos como santuários! E falaríamos apenas das flores, da luz do sol e do vento, da chuva e da beleza das madrugadas. E ficaríamos em silêncio, ouvindo os sons dos pássaros e o murmurar da água nos açudes. E descrever-te-ia o trigo a nascer, esboçaria um ou outro pôr-do-sol e, se possível, a própria primavera, o próprio verão.
Mas hoje, os lagos da existência apenas têm ecos da minha alma. De uma alma que tentou dar mais do que possuía para si. 
Resta-me recordar. Sentado no tempo, ouvindo vozes que se perderam. Agasalhando os meus sonhos em lugares secretos, como um vagabundo, olhando em silêncio as pegadas do tempo. 
Sim, é tempo de partir. Mas também é tempo de ficar. 
De ficar para sempre nos lugares onde fui feliz.»
(TóZé Silva)