segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Bonita opinião do escritor Joaquim Jorge Carvalho, no seu blogue "Muito Mar" e no facebook

https://muitomar.blogspot.com/2024/11/arvores-tombadas-de-rui-conceicao-silva.html

Joaquim Jorge Carvalho escreveu:

«Estou sempre a ler e, quando há, na secretária, vários títulos clamando a minha atenção, gosto de, tanto quanto possível, não me desviar dos livros já encetados. Às vezes, incumpro essa útil disciplina – por exemplo, quando deito os olhos aos primeiros versos de um livro de poesia ou à primeira página de um romance e me acontece o célebre enamoramento da literatura. 

Aconteceu-me com o romance "Árvores Tombadas", de Rui Conceição Silva, um autor da minha geração, que talvez não receba, como tantos, a atenção que a sua qualidade literária justificaria. 

Contada a várias vozes, a história fundamental do romance remete-nos para um mundo antigo, rural e marcadamente português, historicamente situado no Estado Novo, palco de uma vida geralmente dura (nomeadamente no que se refere ao povo mais humilde), com a omnipresença da pobreza, do desamparo, da fome e da repressão política e policial. Num lugar povoado de tipos populares, simples no pensar e no falar, mas profundamente carregados de humanidade, surge um elemento novo, cujo olhar sobre a terra servirá, aos leitores, de guia e de testemunho: na verdade, os olhos da jovem professora Estrela, que vem da “cidade grande” para aquele pedaço de “Portugal profundo”, serão daí em diante – em grande medida – os nossos olhos. E nossos também, naturalmente, os seus assombros, encantamentos, medos, choros ou prazeres.  

É muito difícil parar de ler uma história de que, logo às primeiras páginas, nos tornamos cúmplices, familiares, íntimos. A narração, embora não disfarce a dureza e a crueldade dos factos relatados (até no vernáculo-calão eminentemente coloquial que, de quando em vez, emerge das falas das personagens), traz consigo uma espécie de melancólica doçura, como se a leitura fosse concomitante às vidas ali convocadas -  mas, atenção, tudo isto muito longe da lágrima fácil ou sentimentalona. Há neste discurso narrativo, digamos assim, para além da construção pormenorizada de um microcosmos profundamente verosímil e, aqui e ali, brutal, a amável incorporação da ternura. 

Não por acaso, aconteceu-me sentir, no final da leitura, saindo da narrativa, um perfume familiar, reconhecível, grato: era, digo-o agora, o eco formoso de Júlio Dinis, cujas histórias desde sempre me encantaram. Pergunta: que segredo há nas histórias que nos prendem, fascinam, conquistam? 

[Durante anos, combatendo o preconceito, o menosprezo ou a indiferença da universidade perante Júlio Dinis, tentei perceber que poder encantatório era aquele emanando da sua escrita – e acabei, mais ou menos fatalmente, por dedicar um doutoramento ao estudo da sua obra, em particular aos seus romances e contos. Esse estudo culminou numa tese – mais tarde, publicada pela Ed. Caleidoscópio – intitulada "Acção, Cenas e Personagens na Narrativa Dinisiana: As Pupilas do Senhor Escritor".]

Em "Árvores Tombadas", há esse poder, sim. É o tal perfume (que, à falta de melhor palavra, chamarei “dinisiano”), isto é, essa arte muito complicada de bem contar uma história. Lendo-a, parecer-nos-á talvez que, dada a fluência e leveza do discurso narrativo, não se tratará decerto de trabalho complexo por aí além; ora, a isto de tornar “fácil” o que é consabidamente “difícil”, meus amigos, chama-se talento. 

"Árvores Tombadas", de Rui Conceição Silva (Ed. Visgarolho, 2024) é um belíssimo romance, que agora celebro e recomendo.

Coimbra, 08 de Novembro de 2024.» 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Bonita opinião no blogue "A Biblioteca da João"

https://abibliotecadajoao.blogspot.com/2024/10/opiniao-rui-conceicao-silva-arvores.html

Maria João Diogo escreveu:

Fico sempre feliz quando regresso a um autor que gosto muito. Mais ainda quando se trata de um autor português, como é o caso de Rui Conceição Silva.

“Árvores Tombadas” marca o seu regresso e, mais uma vez, não desilude! Há duas características nos seus livros que adoro. Primeiro, a escrita, sempre cuidada, cada frase é um deleite de ler, apreciar e sentir. Depois a história, que nos oferece um pouco do nosso Portugal rural, neste caso, dos anos 40. A caracterização daquela época, naquele espaço é deliciosa. E ainda que eu seja e tenha sido sempre uma “menina da cidade”, adoro sentir esta nostalgia (e saudade!) associada aos meus avós paternos.

Esta narrativa dá-nos a conhecer Estrela, uma jovem professora que vai dar aulas para uma aldeia do interior de Portugal. A recepção a esta nova professora não é a mais calorosa, numa época em que ser mulher e professora, ainda para mais jovem, era quase um insulto. Estrela irá enfrentar, por isso, muitas situações desagradáveis, mas a sua paixão pelo ensino e a forma como se relaciona com as crianças rapidamente as cativam.

A elas e a Ricardo, filho de uma das famílias mais abastadas da região, com ideias um tanto contraditórias da maioria. A relação entre os dois vai ser construída com base no respeito mútuo, muito bonito de assistir.

E serão eles, Estrela e Ricardo, juntamente com uma terceira voz não identificada, os narradores desta história, que formarão o retrato daquela sociedade, dos acontecimentos trágicos que assolaram a aldeia, em particular das meninas Teotónia e Ritinha. A relação destas meninas com Estrela é o ponto alto deste livro. Adorei cada doce momento!

Se algo tenho a apontar a este livro prende-se apenas com as transições de vozes, principalmente entre Estrela e Ricardo, que não achei serem muito perceptíveis e que me provocou alguma confusão na leitura, principalmente ao início quando ainda os estava a conhecer.

Este facto não tira nenhuma qualidade ao livro. Adorei esta leitura, que me voltou a oferecer momentos de leitura de qualidade e que não posso deixar de recomendar!

Bonita opinião no blogue "As Leituras da Fernanda"

https://as-leituras-da-fernanda.blogspot.com/2024/10/mais-um-livro-excecional-pela-mao-deste.html

Fernanda Carvalho escreveu:

«Mais um livro excecional pela mão deste autor que já me conquistou há alguns livros atrás.

As palavras que lhe saem da pena são pura poesia e as histórias, ecos de um passado ainda tão presente.

Alternando o narrador conforme nos viramos para ouvir este ou aquele pensamento, é uma história de desamores, tristezas e mágoas, de vidas duras no Portugal profundo dos anos 40. 

A riqueza da construção das suas personagens, faz-nos esquecer o destino, e obriga-nos a apreciar a viagem. Os acontecimentos sucedem-se, e o nosso coração reluz de nostalgia, senão por uma época, pelo menos por um lugar onde o céu era mais azul.

Foi uma leitura que me deu imenso prazer. As palavras de Rui Conceição Silva são palavras a não perder de vista.

Bem haja!»

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Bonita opinião no blogue, e página do Instagram, Biblioteca Mil

Mónica Mil-Homens escreveu:

Comovente, a "puxar à lágrima" e nostálgico. A beleza com que o Rui escreve já é tão natural, tão habitual que sabemos que vamos ter um romance maravilhoso mesmo antes de o lermos. Uma estória tal como tantas outras, passadas no Portugal profundo da década de 40 do século XX, com um rol de personagens que nos envolvem na narrativa desde o primeiro segundo e nos emocionam, nos fazem sentir profunda empatia, ou até diria em em algumas passagens, tristeza, por sabermos que era assim que se vivia em Portugal e que os nossos pais e avós passaram por isto (pelo menos os meus). Onde ser criança não era possível, onde a miséria e a luta constante do trabalho no campo desde tenra idade tornava as pessoas mais brutas, mais amargas e com mais demónios. Como devem calcular, existiam os ricos, para quem os pobres dos campos trabalhavam e esses senhores com posses "dominavam" toda uma aldeia, toda uma região e a palavra deles era lei, mas Estrela, Ricardo e Teotónia vão mostrar que as coisas podem ser sempre passíveis de serem mudadas e que para sermos realmente felizes, emocionalmente felizes, é preciso tão pouco. Recomendo muito esta leitura, com um enredo bem pensado, uma escrita maravilhosa e que nos faz dar graças por não termos vivido naquela época, onde até os sonhos nos queriam roubar e fazer desistir.  

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Bonita opinião da escritora Valetta Stein, no Facebook

Valetta escreveu:

«Meu Deus! É só isto que a minha mente grita, depois de ter lido o teu livro, porque me levou às lágrimas. Eu, com os meus 71 anos pensava que além do livro "Depois do Baile", um conto de Liev Tolstói (Leon), não haveria mais nenhum que me tocaria a alma dessa forma. Estava enganada.

Como me apeguei á Teotónia... Deus do céu! Depois todo o enredo até ao fim foi uma ânsia de retornar a reviver aquela vivência que não me é desconhecida.

Como escreveste a certa altura (pág. 100): "... uma certa solidão que se apoderava de mim, sempre que a Teotónia me parecia triste."

Foi esta solidão que me acompanhou durante todo o livro. Isto é de elevada categoria, pois só os grandes escritores tocam o seus leitores desse modo. Os leitores deixam de ser, passam a ser.

Muito obrigada por isto, até pelas lágrimas.

A todos sublinharei a tua qualidade.

Tua fã e leitora. V.»

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Bonita opinião do leitor João, no Facebook

João Tavares escreveu:

Um misto de nostalgia, ternura, tragédia e superação. Um ótimo retrato de um povo do Portugal profundo dos anos 40, dos labirintos da vida que tanta vez é posta à prova.

Um livro que nos faz refletir, sonhar, identificando-me com alguns aspetos e situações constantes no mesmo.

Para ler mais do que uma vez, sem dúvida! 😉

Os meus parabéns Rui Conceição Silva

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Bonita opinião da página "Literacidades", no Facebook e no Instagram

Ludgero Cardoso escreveu:

Dizem que não se deve julgar um livro pela capa e, neste caso, concordo. Não se deixem levar por esta capa básica e com o nome da editora que é bastante cómico (com todo o respeito!). O conteúdo é bom, mas não é para toda a gente.

Conheci o livro quando mencionado como semifinalista do Prémio Oceanos de 2022. Sendo um dos prémios que mais respeito, comprei “Deste Silêncio em Mim” na primeira oportunidade.

A pobreza, a ida para a Guerra do Ultramar, a beleza da natureza e o meio rural vs meio urbano são o ponto de partida para o autor explorar a fundo dois temas: solidão e perdão. Sem querer estragar a experiência de leitura, e muito resumidamente, Rodrigo, nascido numa família pobre e criado para ser pastor, resolve mudar o seu destino. Até esse momento chegar, dá-nos uma vontade imensa de dar alento a essa pequena criança inocente que cresce rodeada de pobreza e perda. Em relação ao destino, será que vale a pena abandonar os nossos em prol de uma vida melhor? Bom, deixo-vos para descobrir!

Talvez pelo seu ritmo lento, não seja o livro mais indicado para um leitor menos experiente. Não é um livro com reviravoltas ou uma história surpreendente, mas antes um livro para se apreciar a escrita melancólica do autor, como quem sobe uma montanha e, lá no cume, observa tudo ao seu redor e respira profunda e lentamente, à semelhança do que muitos personagens fizeram. Diria que qualquer pessoa que tenha sido criada no campo e agora viva numa cidade, pode vir a gostar deste livro, porque muito provavelmente se vai identificar com algumas vivências dos personagens ou ver neles os seus avós e pais. É, claramente, uma ode à natureza e à ruralidade do nosso país!

Vou querer acompanhar o trabalho do autor e já estou de olho no seu recente romance, “Árvores Tombadas”, pois parece-me abordar também a subsistência da vida no campo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Curta mas bonita opinião da leitora Ana, no facebook

Ana Santos escreveu:

Acabadinho de ler... 

Gostei muito do amor proíbido entre o professor Joaquim e a sua Olinda 💖 em Figueiró dos Vinhos.

Só gostava de saber onde ele deixou o seu gato quando decidiu ir conhecer outros lugares, continuar a ser caminhante...

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Bonita opinião da leitora Rita, no goodreads

Rita Laranjeira escreveu:

Um livro sobre um homem que passa por uma série de momentos difíceis, duros, daqueles que atiram qualquer um ao chão, e como reage a tudo o que vai acontecendo. Um livro sobre uma família, os acontecimentos bons e os acontecimentos que abalam os alicerces.

O início desta leitura foi um pouco difícil para mim, apenas precisei de tempo para me habituar à escrita. Foi apenas o início. Depois o livro envolve e só me fez querer saber mais e mais da história. Foi um livro que não me deixou indiferente aos assuntos abordados e me fez querer entrar no livro para ajudar a Lina e o Edmundo. Foi um livro que me deixou a pensar nos tempos difíceis vividos pelos nossos pais e avós.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Bonita opinião da leitora Beatriz, no goodreads

Beatriz escreveu:

Sem dúvida que é um livro que me obrigou a sair da minha zona de conforto pois não é nada igual aos romances que estou habituada (ainda bem)! 
É um livro que nos põe a pensar numa primeira estância pelas frases que nos fazem refletir sobre a vida, o tempo no que realmente importa, depois sobre o nosso Portugal, de como a população vivia na miséria era só trabalho, pouca comida, já para não falar da posição da mulher que apenas tinha que obedecer ao homem (apesar de atualmente ainda há pessoas com este pensamento). Gostei muito deste livro, pelas descrições das paisagens portuguesas, por certas expressões eu já estar tão familiarizada. Apenas não dei cinco estrelas porque por vezes senti que estava monótono. 
Devo dizer que o título engana bem, não estava nada à espera, pensava que ia ser mais do mesmo. Temos de valorizar mais a literatura portuguesa.