A aventura de existir
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
Bonita opinião no youtube, do canal de referência @mjoaocovaslivrosgosto
Assina: Maria João Covas
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
Bonita opinião do escritor Joaquim Jorge Carvalho, no seu blogue "Muito Mar" e no facebook
https://muitomar.blogspot.com/2024/11/arvores-tombadas-de-rui-conceicao-silva.html
«Estou sempre a ler e, quando há, na secretária, vários títulos clamando a minha atenção, gosto de, tanto quanto possível, não me desviar dos livros já encetados. Às vezes, incumpro essa útil disciplina – por exemplo, quando deito os olhos aos primeiros versos de um livro de poesia ou à primeira página de um romance e me acontece o célebre enamoramento da literatura.
Aconteceu-me com o romance "Árvores Tombadas", de Rui Conceição Silva, um autor da minha geração, que talvez não receba, como tantos, a atenção que a sua qualidade literária justificaria.
Contada a várias vozes, a história fundamental do romance remete-nos para um mundo antigo, rural e marcadamente português, historicamente situado no Estado Novo, palco de uma vida geralmente dura (nomeadamente no que se refere ao povo mais humilde), com a omnipresença da pobreza, do desamparo, da fome e da repressão política e policial. Num lugar povoado de tipos populares, simples no pensar e no falar, mas profundamente carregados de humanidade, surge um elemento novo, cujo olhar sobre a terra servirá, aos leitores, de guia e de testemunho: na verdade, os olhos da jovem professora Estrela, que vem da “cidade grande” para aquele pedaço de “Portugal profundo”, serão daí em diante – em grande medida – os nossos olhos. E nossos também, naturalmente, os seus assombros, encantamentos, medos, choros ou prazeres.
É muito difícil parar de ler uma história de que, logo às primeiras páginas, nos tornamos cúmplices, familiares, íntimos. A narração, embora não disfarce a dureza e a crueldade dos factos relatados (até no vernáculo-calão eminentemente coloquial que, de quando em vez, emerge das falas das personagens), traz consigo uma espécie de melancólica doçura, como se a leitura fosse concomitante às vidas ali convocadas - mas, atenção, tudo isto muito longe da lágrima fácil ou sentimentalona. Há neste discurso narrativo, digamos assim, para além da construção pormenorizada de um microcosmos profundamente verosímil e, aqui e ali, brutal, a amável incorporação da ternura.
Não por acaso, aconteceu-me sentir, no final da leitura, saindo da narrativa, um perfume familiar, reconhecível, grato: era, digo-o agora, o eco formoso de Júlio Dinis, cujas histórias desde sempre me encantaram. Pergunta: que segredo há nas histórias que nos prendem, fascinam, conquistam?
[Durante anos, combatendo o preconceito, o menosprezo ou a indiferença da universidade perante Júlio Dinis, tentei perceber que poder encantatório era aquele emanando da sua escrita – e acabei, mais ou menos fatalmente, por dedicar um doutoramento ao estudo da sua obra, em particular aos seus romances e contos. Esse estudo culminou numa tese – mais tarde, publicada pela Ed. Caleidoscópio – intitulada "Acção, Cenas e Personagens na Narrativa Dinisiana: As Pupilas do Senhor Escritor".]
Em "Árvores Tombadas", há esse poder, sim. É o tal perfume (que, à falta de melhor palavra, chamarei “dinisiano”), isto é, essa arte muito complicada de bem contar uma história. Lendo-a, parecer-nos-á talvez que, dada a fluência e leveza do discurso narrativo, não se tratará decerto de trabalho complexo por aí além; ora, a isto de tornar “fácil” o que é consabidamente “difícil”, meus amigos, chama-se talento.
"Árvores Tombadas", de Rui Conceição Silva (Ed. Visgarolho, 2024) é um belíssimo romance, que agora celebro e recomendo.
Coimbra, 08 de Novembro de 2024.»
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
Bonita opinião no blogue "A Biblioteca da João"
https://abibliotecadajoao.blogspot.com/2024/10/opiniao-rui-conceicao-silva-arvores.html
Maria João Diogo escreveu:
“Árvores Tombadas” marca o seu regresso e, mais uma vez, não desilude! Há duas características nos seus livros que adoro. Primeiro, a escrita, sempre cuidada, cada frase é um deleite de ler, apreciar e sentir. Depois a história, que nos oferece um pouco do nosso Portugal rural, neste caso, dos anos 40. A caracterização daquela época, naquele espaço é deliciosa. E ainda que eu seja e tenha sido sempre uma “menina da cidade”, adoro sentir esta nostalgia (e saudade!) associada aos meus avós paternos.
Esta narrativa dá-nos a conhecer Estrela, uma jovem professora que vai dar aulas para uma aldeia do interior de Portugal. A recepção a esta nova professora não é a mais calorosa, numa época em que ser mulher e professora, ainda para mais jovem, era quase um insulto. Estrela irá enfrentar, por isso, muitas situações desagradáveis, mas a sua paixão pelo ensino e a forma como se relaciona com as crianças rapidamente as cativam.
A elas e a Ricardo, filho de uma das famílias mais abastadas da região, com ideias um tanto contraditórias da maioria. A relação entre os dois vai ser construída com base no respeito mútuo, muito bonito de assistir.
E serão eles, Estrela e Ricardo, juntamente com uma terceira voz não identificada, os narradores desta história, que formarão o retrato daquela sociedade, dos acontecimentos trágicos que assolaram a aldeia, em particular das meninas Teotónia e Ritinha. A relação destas meninas com Estrela é o ponto alto deste livro. Adorei cada doce momento!
Se algo tenho a apontar a este livro prende-se apenas com as transições de vozes, principalmente entre Estrela e Ricardo, que não achei serem muito perceptíveis e que me provocou alguma confusão na leitura, principalmente ao início quando ainda os estava a conhecer.
Este facto não tira nenhuma qualidade ao livro. Adorei esta leitura, que me voltou a oferecer momentos de leitura de qualidade e que não posso deixar de recomendar!
Bonita opinião no blogue "As Leituras da Fernanda"
https://as-leituras-da-fernanda.blogspot.com/2024/10/mais-um-livro-excecional-pela-mao-deste.html
Fernanda Carvalho escreveu:
As palavras que lhe saem da pena são pura poesia e as histórias, ecos de um passado ainda tão presente.
Alternando o narrador conforme nos viramos para ouvir este ou aquele pensamento, é uma história de desamores, tristezas e mágoas, de vidas duras no Portugal profundo dos anos 40.
A riqueza da construção das suas personagens, faz-nos esquecer o destino, e obriga-nos a apreciar a viagem. Os acontecimentos sucedem-se, e o nosso coração reluz de nostalgia, senão por uma época, pelo menos por um lugar onde o céu era mais azul.
Foi uma leitura que me deu imenso prazer. As palavras de Rui Conceição Silva são palavras a não perder de vista.
Bem haja!»
segunda-feira, 21 de outubro de 2024
Bonita opinião no blogue, e página do Instagram, Biblioteca Mil
Mónica Mil-Homens escreveu:
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
Bonita opinião da escritora Valetta Stein, no Facebook
«Meu Deus! É só isto que a minha mente grita, depois de ter lido o teu livro, porque me levou às lágrimas. Eu, com os meus 71 anos pensava que além do livro "Depois do Baile", um conto de Liev Tolstói (Leon), não haveria mais nenhum que me tocaria a alma dessa forma. Estava enganada.
Como me apeguei á Teotónia... Deus do céu! Depois todo o enredo até ao fim foi uma ânsia de retornar a reviver aquela vivência que não me é desconhecida.
Como escreveste a certa altura (pág. 100): "... uma certa solidão que se apoderava de mim, sempre que a Teotónia me parecia triste."
Foi esta solidão que me acompanhou durante todo o livro. Isto é de elevada categoria, pois só os grandes escritores tocam o seus leitores desse modo. Os leitores deixam de ser, passam a ser.
Muito obrigada por isto, até pelas lágrimas.
A todos sublinharei a tua qualidade.
Tua fã e leitora. V.»
terça-feira, 1 de outubro de 2024
Bonita opinião do leitor João, no Facebook
João Tavares escreveu:
Um misto de nostalgia, ternura, tragédia e superação. Um ótimo retrato de um povo do Portugal profundo dos anos 40, dos labirintos da vida que tanta vez é posta à prova.Um livro que nos faz refletir, sonhar, identificando-me com alguns aspetos e situações constantes no mesmo.
Para ler mais do que uma vez, sem dúvida! 😉
Os meus parabéns Rui Conceição Silva
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
Bonita opinião da página "Literacidades", no Facebook e no Instagram
Ludgero Cardoso escreveu:
Conheci o livro quando mencionado como semifinalista do Prémio Oceanos de 2022. Sendo um dos prémios que mais respeito, comprei “Deste Silêncio em Mim” na primeira oportunidade.
A pobreza, a ida para a Guerra do Ultramar, a beleza da natureza e o meio rural vs meio urbano são o ponto de partida para o autor explorar a fundo dois temas: solidão e perdão. Sem querer estragar a experiência de leitura, e muito resumidamente, Rodrigo, nascido numa família pobre e criado para ser pastor, resolve mudar o seu destino. Até esse momento chegar, dá-nos uma vontade imensa de dar alento a essa pequena criança inocente que cresce rodeada de pobreza e perda. Em relação ao destino, será que vale a pena abandonar os nossos em prol de uma vida melhor? Bom, deixo-vos para descobrir!
Talvez pelo seu ritmo lento, não seja o livro mais indicado para um leitor menos experiente. Não é um livro com reviravoltas ou uma história surpreendente, mas antes um livro para se apreciar a escrita melancólica do autor, como quem sobe uma montanha e, lá no cume, observa tudo ao seu redor e respira profunda e lentamente, à semelhança do que muitos personagens fizeram. Diria que qualquer pessoa que tenha sido criada no campo e agora viva numa cidade, pode vir a gostar deste livro, porque muito provavelmente se vai identificar com algumas vivências dos personagens ou ver neles os seus avós e pais. É, claramente, uma ode à natureza e à ruralidade do nosso país!
Vou querer acompanhar o trabalho do autor e já estou de olho no seu recente romance, “Árvores Tombadas”, pois parece-me abordar também a subsistência da vida no campo.
quarta-feira, 14 de agosto de 2024
Curta mas bonita opinião da leitora Ana, no facebook
Ana Santos escreveu:
Acabadinho de ler...Gostei muito do amor proíbido entre o professor Joaquim e a sua Olinda 💖 em Figueiró dos Vinhos.
Só gostava de saber onde ele deixou o seu gato quando decidiu ir conhecer outros lugares, continuar a ser caminhante...
terça-feira, 6 de fevereiro de 2024
Bonita opinião da leitora Rita, no goodreads
Rita Laranjeira escreveu:
Um livro sobre um homem que passa por uma série de momentos difíceis, duros, daqueles que atiram qualquer um ao chão, e como reage a tudo o que vai acontecendo. Um livro sobre uma família, os acontecimentos bons e os acontecimentos que abalam os alicerces.O início desta leitura foi um pouco difícil para mim, apenas precisei de tempo para me habituar à escrita. Foi apenas o início. Depois o livro envolve e só me fez querer saber mais e mais da história. Foi um livro que não me deixou indiferente aos assuntos abordados e me fez querer entrar no livro para ajudar a Lina e o Edmundo. Foi um livro que me deixou a pensar nos tempos difíceis vividos pelos nossos pais e avós.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2024
Bonita opinião da leitora Beatriz, no goodreads
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
Bonita opinião do leitor Zé no Facebook
«Muito bom. Para quem não sabe o que são os "sentimentos serranos" este livro fica a ribombar na mente por muito tempo.
Quem, como eu, é um serrano então a "cegueira" abre um novo olhar ao leitor pelos encantos da cidade. Mas sempre a ouvir o tambor a ecoar nos vales.
Uma boa oferta de Natal.»
quarta-feira, 15 de novembro de 2023
Bonita opinião da leitora Andreia, no blogue "Entre Margens"
https://andreiapmorais.blogspot.com/2023/11/alma-lusitana-deste-silencio-em-mim-rui.html
Andreia Morais escreveu:
«Quantos silêncios e quantos sonhos cabem no peito de um homem?»
Gatilhos: Morte, Luto, Suicídio
O silêncio é uma linguagem com imensas camadas. Naquilo que não é dito, podem ser criadas feridas, ausências, dores e distância; pode florescer desentendimento e interpretações ambíguas. No livro de Rui Conceição Silva, estas noções são todas exploradas, porque todos nós temos muitos silêncios a embalar-nos.
SOLIDÃO EM TODOS OS LUGARES
O ritmo desta narrativa é mais lento, como se nos convidasse a parar, a desfrutar da pacatez da aldeia e da beleza mundana dos dias. Embora seja grande o contraste, porque nos parece que há falta de ambição, é importante compreender o contexto e acho que a forma como a narrativa está estruturada nos leva a isso, porque nada é apressado, porque, de repente, é como se estivéssemos na Sobreira dos Montes, a vivenciar as dificuldades daquelas pessoas e a necessidade constante de fazer pela vida; onde os sonhos são silenciados, porque é preciso pôr comida na mesa.
«E quisemos tanto o seu abraço. Um abraço sentido e redentor»
«Ciente desse amor, fui-me mentalizando de que a última canção nunca pode ser de saudade»
Deste Silêncio em Mim é feito de lendas, de crenças e de amor. Com um retrato intimista, relembra-nos da importância do perdão, das origens e do que é essencial. No fundo, convida-nos a revisitar a criança que fomos e a encontrar a nossa paz. Rodrigo viveu sempre a tentar reencontrar-se, por esse motivo, acho que permanece uma pergunta: mesmo que cesse o som, a comunicação, estaremos em silêncio total?
* Música para acompanhar: Pedra Filosofal, Manuel Freire *
quinta-feira, 9 de novembro de 2023
Bonita opinião da leitora Catarina, no facebook
Catarina Fernandes escreveu:
sexta-feira, 9 de junho de 2023
Bonita opinião da leitora Ana, no goodreads
Gostei muito da forma como a história está contada. Senti-me próxima de Edmundo, na medida em que compreendi o seu sofrimento. A viagem que teve de realizar para se reencontrar e redefinir foi intensa e cativante.
No início a leitura arrasta-se um pouco, mas depois de ganhar ritmo, dificilmente se consegue parar.
quarta-feira, 17 de maio de 2023
Bonita opinião da leitora Mónica, no goodreads e no instagram
Mónica Mil-Homens escreveu, no seu blogue http://bibliotecamil.wordpress.com/2023/05/17/opinioes-abril-2023:
quinta-feira, 20 de abril de 2023
Bonita opinião da leitora Margarida, no goodreads e no instagram
Margarida Galante escreveu:
Mas Rodrigo sonhava com uma vida diferente, queria conhecer outras realidades, e era incentivado pelo avô. A morte do seu avô vai impeli-lo a trocar o silêncio da montanha pelo bulício da cidade grande, fugindo de casa e não voltando a dar notícias à sua família.
Mas afinal, o silêncio e a solidão que existem na montanha também existem na cidade repleta de gente e luzes.
Esta é uma história bonita mas triste e cheia de sofrimento. Retrata muito bem a realidade rural de Portugal nos anos anteriores ao 25 de Abril, a pobreza e as dificuldades da vida no campo, mas também a solidão e os sacrifícios daqueles que iam procurar melhores condições nas cidades. É também uma história sobre os laços que nos ligam aos outros, o amor, a amizade, a família, sobre o luto e a dor do arrependimento.
Uma escrita poética, melancólica e sensível, que gostei de saborear devagar e que me comoveu. Uma história com personagens que não vou esquecer e que me fizeram recordar histórias dos meus avós e da infância dos meus pais.
terça-feira, 18 de abril de 2023
Opinião da leitora Fátima, no goodreads
Fátima Linhares escreveu:
Apesar de esta minha opinião não ser muito entusiasmante, este livro está bem escrito, tem uma edição cuidada e a Visgarolho é um projeto a que acho que vale a pena dar uma oportunidade. Se gostarem de livros mais introspetivos, com uma ação lenta, com uma vida menos citadina, em que a natureza é rainha, penso que esta obra é uma boa aposta.
sexta-feira, 7 de abril de 2023
Bonita opinião do leitor Paulo, no goodreads e no instagram
Paulo Rodrigues escreveu:
sexta-feira, 31 de março de 2023
Bonita opinião de Mezinha Livros, no instagram
Salomé Pacheco escreveu:
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
Bonita opinião de Leituras Mágicas, no instagram
Leituras Mágicas escreveu:
Hoje trago-vos a review de um livro de Rui Conceição Silva.
"Deste Silência em Mim" foi-me cedido pela Visgarolho Editora (@visgarolhoeditora). Muito obrigada pela cedência do exemplar, foi um prazer colaborar convosco! Esta editora foi idealizada em ano ano de pandemia e nascida em 2021. Tem como objetivo publicar bons livros de autores de língua portuguesa. É uma editora que acarinha os seus autores, que os promove e apoia. Como podem ver, a Visgarolho, rege-se por princípios muito valiosos e, por isso, é que recomendo imenso que comprem com eles!
Nunca tinha lido nada deste autor e tenho a dizer que gostei muito da sua escrita. Escrita poética, que nos acalma a alma e toca no coração. Para não falar de que é um escritor português e vocês já sabem do quanto adoro apoiar a escrita portuguesa.
A capa deste livro é muito bonita. Simples, mas por vezes a simplicidade torna as coisas muito melhores e este é um desses casos.
É um livro com personagens que nos ficam na memória, que fala da amizade, das relações familiares, das coisas mais simples. Uma história que nos faz refletir da criança que um dia fomos.
Fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de ler este livro, recomendo sem dúvida a toda a gente!
Já leram este livro?
terça-feira, 13 de dezembro de 2022
Bonita opinião da leitora Mónica, no goodreads e no instagram
Mónica Cabral escreveu:
"Talvez os caminhos da vida sejam assim, feitos de boas e de más coincidências. De destinos que esperam por nós, se tivermos vontade de percorrer os caminhos tortuosos da vida e se conseguirmos contrariar as solidões em que nos afundamos. Porque sempre haverá uma luz que nos aguarda, em cada dia que nasce, apesar das sombras que trazemos no peito."
O nosso narrador, Rodrigo, vive com a família numa velha cabana isolada da aldeia onde aprende a crescer muito rápido e a ver os seus sonhos a esfumarem-se.
Através de uma narrativa intimista, Rui Conceição Silva, leva-nos até à montanha para conhecermos a infância de Rodrigo que foi duramente marcada pela morte do seu irmão mais velho Carlos na Guiné em plena Guerra do Ultramar, a relação mágica que tinha com o avô Josué que lhe ensinava a escutar os pássaros e a "escutar" o silêncio da montanha, os anos que passou na escola primária onde aprendeu a ler e a escrever, e onde se apercebeu que a leitura é a porta para novos mundos e finalmente leva-nos até ao dia em que um acontecimento extremamente traumático leva Rodrigo a virar as costas à família e à sua aldeia e partir para a cidade grande em busca de uma vida melhor .
Este é um livro sobre afectos, amizade, relações familiares, morte e sobre a enorme diferença entre a vida na aldeia e a vida na cidade e como por vezes não conseguimos apagar completamente o nosso passado e as nossas memórias, mesmo as mais dolorosas.
Deste Silêncio Em Mim tem uma escrita soberba, melancólica e muito poética que me encantou e me emocionou, um livro lindíssimo!
quinta-feira, 17 de novembro de 2022
Bonita opinião do escritor A.M. Catarino no goodreads
A.M. Catarino escreveu:
Existem livros assim, que nos fazem acreditar na beleza e na pureza das palavras.Obrigado por esta bela viagem, Rui.
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
Bonita opinião da leitora Patrícia no goodreads
“Quanto a mim, creio que era um sonhador remediado, destinado a viver sempre insatisfeito. E talvez seja essa a sina dos sonhadores, a de viver com o medo de não viver. A de ter de coabitar com esta sina, de escutar todos os chamamentos do mundo e de não ter tempo para os seguir.”
Não é uma história com o final feliz, mas com um final com muita esperança.
“Porque a vida é uma bênção, um pequeno empréstimo do Universo."
“(…) naquele momento tão simples, percebi que a vida não acaba quando nos perdemos. Ela acaba quando nos rendemos.”
“Porque a mesma ponte que nos leva para longe também nos pode trazer de volta a casa.”
Classificação: *****
quarta-feira, 31 de agosto de 2022
"Deste Silêncio em Mim" semifinalista do Prémio Oceanos
O meu livro "Deste Silêncio em Mim" foi hoje escolhido como um dos semifinalistas do Prémio Oceanos 2022. Uma grande honra!
terça-feira, 23 de agosto de 2022
Bonita crónica de João da Silva, no jornal "Público"
O vento da Estrela
Os ventos são sempre iguais e sempre diferentes (como as pessoas). O vento da serra não é igual ao vento do mar ou do rio, ao vento da planície ou do deserto, e muito menos ao da cidade. Diferenciam-se na voz, na intensidade, no cheiro, no rumo.
João da Silva
23 de Agosto de 2022, 7:56
Ao fim de meia hora de caminho, sentei-me no meio da estrada abraçado às pernas e com o queixo pousado nos joelhos. Não me cruzei com vivalma desde que comecei a caminhada a partir de Gouveia, a Princesa da Serra, em direção a Folgosinho. Sempre a subir na ida, sempre a descer no regresso. Se tudo na vida fosse assim tão certo. Fechei os olhos para ouvir o vento. À lembrança, chegaram-me as palavras de Alberto Caeiro: "Outras vezes oiço passar o vento, | E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido." A dada altura, senti uma presença junto a mim. Resisti a abrir os olhos, acreditando tratar-se do espírito da serra que me invadia. Respirei fundo, preenchendo-me daquele vento ímpar. Os ventos são sempre iguais e sempre diferentes (como as pessoas). O vento da serra não é igual ao vento do mar ou do rio, ao vento da planície ou do deserto, e muito menos ao da cidade. Diferenciam-se na voz, na intensidade, no cheiro, no rumo. Aproximam-se no livre-arbítrio. "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito" (João 3:3-8).
Quando abri os olhos, um enorme cão serra da Estrela mirava-me a menos de meio metro. Chegara silencioso, certamente intrigado por ver-me imóvel no meio da estrada, e aproximou-se para me cheirar. Mantive-me quieto, sentindo-lhe também o cheiro, até que se desinteressou e seguiu estrada abaixo. Voltei a fechar os olhos. Pensei no cão e na lembrança já enraizada da sua brevíssima presença. Nunca é a duração do evento que deixa marcas.
Desde miúdo que gosto de andar ao vento, ao contrário da maioria das pessoas que conheço, que preferem apontar-lhe os defeitos. Que os tem, e muitos. Mas eu sempre preferi olhar para o seu sentido figurado: vassouradas que separam o trigo do joio, levando o supérfluo e o lixo, separando o essencial. Discutível, claro. O contrário também sucede – poucas coisas na vida são tão "pão, pão, queijo, queijo" como as subidas e as descidas de uma serra. E, por vezes, o vento leva mesmo para longe aquilo que é importante, a saúde, a alegria ou o amor, deixando o superficial, a doença, a tristeza, o desamor.
Lembro-me de gostar de correr na rua quando estava vento. "Não vás lá para fora, João, está muito vento", ralhava a minha mãe. "É por isso mesmo que vou", pensava eu, correndo contra o vento com as lágrimas a fugirem dos olhos e o cabelo penteado pela ventania. Quando me cansava, montava-me às cavalitas do vento e voava.
"Hoje, o maior receio dos pastores é o de não ter o que dar de comer às cabras e ovelhas. A seca e o fogo atacaram com força", oiço no noticiário enquanto amanho um tomate. Sabendo o que ia encontrar no ecrã, enchi-me de coragem e voltei-me para encarar um cenário de destruição que me atordoou a alma. Interroguei-me, certo de não obter resposta: "Porquê?" Já de costas voltadas para o ecrã, ouvi o lamento de um bombeiro que assistiu ao fogo atravessar uma quinta em Gonçalo, distrito da Guarda: "O vento estava muito forte e a situação descontrolou-se, não pudemos fazer nada."
Refletindo nas imagens da serra queimada e tentando antecipar o que encontrarei quando regressar a Gouveia e caminhar pela serra, voltei a tirar o livro de Rui Conceição Silva da estante e folheei-o, como quem procura um amigo em busca de conselhos. E o Rui, que não conheço, falou-me assim: "Chega sempre o momento em que cada um de nós se detém e pergunta, numa hora mais triste: 'O que será o amanhã? Conseguirei suportá-lo?' E essa pergunta traz-nos sempre um medo com rosto, o nosso próprio rosto, que tenta voltar às antigas feições, quando olhava em frente sem medo do futuro. Porque há notícias assim: mais do que o presente, assustam os dias vindouros. As nuvens instalam-se em nós, ensombrando os olhares que deitamos aos amanhãs desconhecidos, que já nascem semidestruídos. E que força haverá em todos nós, que nos leva a suportar todas as adversidades? Talvez seja pelas nossas certezas, pelas palavras já conquistadas nos nossos corações. Porque, quanto mais simples nos tornarmos, menos estaremos dependentes do jogo de sorte que é a nossa vida. São as grandes expectativas que nos derrubam."
Com o livro escancarado, relembro com clareza e paixão uma fria manhã de janeiro em que caminhava pelos lameiros que ladeiam as estradas desertas entre Gouveia e Folgosinho, observando o feno a dançar com o vento que me fustigava a pele do rosto. Fecho os olhos para o sentir e aceno ao milhafre que vigia todos os meus movimentos, desenhando círculos por cima de mim. Em seguida, sorrio ao recordar a ocasião em que, distraído a olhar o horizonte, fui surpreendido pelo inesquecível som do bater de dezenas de asas de perdizes rompendo entre as giestas. Sons que ficam. Como o do vento a entrar em nós. Aquilo que percecionamos através dos olhos reforça a barreira intransponível que existe entre a nossa mente e o que é exterior a nós, que está lá fora, num espaço onde as coisas são, mas nós não somos. Quando ouvimos, participamos, imergimos numa realidade indivisível, sem fronteiras, fluida. Somos o canto dos pássaros, o latido dos cães, o quebrar das ondas na praia, a gargalhada da criança, somos tudo o que ouvimos, somos vento. Ao ouvir o vento com atenção, podemos escutar o espírito dos nossos ancestrais. O que quer que o vento leve ou traga, seja alegria ou desgraça, é a vida a acontecer. Somos nós, o universo, tudo.
"Os espíritos são como o vento, eles estão contigo onde quer que tu vás. Consegues ver o vento? Consegues segurá-lo na tua mão? Os espíritos caminham contigo, fazes parte da sua família", disse o Régulo de Tambarara, localidade do distrito de Gorongosa, em Moçambique.
Termino, propondo um desafio: Depois de ler estas derradeiras linhas, vá escutar o vento, nem que sopre apenas uma leve brisa. Feche os olhos e interrogue-se: "O que me diz?" Nada? Persista. É importante escutar o sopro do vento (escutarmo-nos). Só para ouvi-lo, vale a pena ter nascido.
sexta-feira, 19 de agosto de 2022
Bonita opinião da leitora Rita no goodreads
Rita Santos escreveu:
Este livro é dos mais bonitos que li na minha vida!
Bem escrito com uma história tão bonita que é impossível não criar empatia por todos.
Adorei!
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
Uma bonita opinião, na Wook
Ana Santos escreveu:
Uma agradável surpresa.sexta-feira, 25 de março de 2022
Bonita opinião no Instagram
matinee_de_leitura escreveu:
Recomendado!
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
Entrevista à Rádio Alfa de Paris
terça-feira, 21 de setembro de 2021
Bonita opinião da leitora Christine no facebook
Christine Machado escreveu:
Parabéns, felicidades e muito sucesso!
Um enorme bem-haja, Christine, em meu nome e em nome do meu saudoso irmão TóZé. Sei que ele ficou feliz com a sua mensagem, lá, algures no Universo. Obrigado, do coração!
Opinião da leitora Sara no goodreads
Sara escreveu:
Encontrei-o diversas vezes em promoção (na Presença online) e foi desta que o coloquei no carrinho para vir direto para as estantes. Assim que chegou passou à frente de todos os outros que estão por ler, pela expetativa altíssima que tinha desta leitura.
Apesar de ter ficado aquém daquilo que esperava, é um romance que aborda vários temas importantes usando como pano de fundo o interior do país na década de 70. O Edmundo, personagem principal, é uma personagem com a qual facilmente nos identificamos, no entanto, a narrativa e os temas foram explorados sem a profundidade adequada. É uma estória simples que cativa pela escrita bela, capaz de confortar quem perdeu alguém muito próximo.
Do autor recomendo o seu outro livro, que foi lançado posteriormente e que demonstra o quão a sua escrita e narrativa se desenvolveu.
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
Bonita opinião da leitora Margarida no facebook
Margarida Pires Teixeira escreveu:
quarta-feira, 1 de setembro de 2021
Bonita opinião da leitora Christine no facebook
Christine Machado escreveu:
ADOREI!!!
Obrigada por a dedicatória personalizada. Votos de muito sucesso.
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
Linda opinião da leitora Adélia no facebook
Adélia Freire escreveu:
Bonita opinião da leitora Sara no facebook
Confesso que me caíram algumas lágrimas durante a sua leitura. Aconselho vivamente para quem gosta de ler.
Parabéns.
terça-feira, 17 de agosto de 2021
Uma bonita opinião do blogue de referência "O Tempo entre os meus Livros"
É pela voz do narrador que, ainda em criança, nos conta como foi a sua infância no meio da serra, bastante longe da aldeia mais próxima, no Portugal de Salazar. Muito perspicaz mas também muito inocente, Rodrigo vive muito a solidão e o isolamento, mas faz-nos sorrir amiúde com as suas "descobertas" ou suposições que explicam o mundo segundo os seus olhos. Uma ironia fina, um toque de mestre numa escrita que faz o leitor sentir-se em casa mesmo quando as experiências vividas pelo pequeno narrador não correspondem às suas, nem são, tampouco, similares às recordações que possuímos.
O retrato de Portugal dessa época está muito bem conseguido. A pouca literacidade, a pobreza extrema, a ignorância e as baixas expectativas de todo um povo estão espelhados nas palavras do autor. O "salto" para França ou a ida para uma grande cidade portuguesa na busca de uma vida melhor de tantos portugueses. O retrato de um Portugal que muitos desconhecem (e ainda bem!) que me deu muito prazer em visitar e relembrar.
Depois, a tristeza de todo um povo quase que se pega ao leitor numa segunda parte em que essa criança é obrigada a crescer (mais depressa que o que é habitual hoje em dia) e sente-se essa melancolia nas palavras do autor.
Recomendo muitíssimo.
Terminado em 18 de Julho de 2021
Estrelas: 5*
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Bonita opinião da leitora Sandra no facebook
Sandra soares escreveu:
Recomendo vivamente e muito obrigada, Rui Conceição Silva. Que as madrugadas de Figueiró dos Vinhos lhe continuem a magnífica inspiração que transporta para os seus livros.
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
Bonita opinião da leitora Liliana no facebook
Liliana Bastos escreveu:
Porque ainda acredito no poder dos livros enquanto "bálsamos" para a nossa saúde mental, fica a sugestão...
Uma leitura que nos leva à beleza das coisas simples, genuínas e puras
terça-feira, 27 de julho de 2021
Bonita opinião da leitora Graça no facebook
Graça Alves escreveu:
Poesia em forma de prosa, que nos enche a alma de doçura, nostalgia e silêncio.Parabéns Rui Conceição Silva!
Obrigada Visgarolho editora por dares a conhecer um livro tão bonito.
Encontram em www.visgarolho.com
segunda-feira, 19 de julho de 2021
Linda opinião da leitora Cristina no Instagram
Cristina Delgado escreveu:
Uma boa surpresa este livro! Fui completamente às cegas para esta leitura, como gosto cada vez mais de fazer. Gostei muito da escrita do Rui Conceição Silva, simples e, ao mesmo tempo, com uma pitada de poesia que não maça nada quem não é seu amante...
Muitas referências à ideologia subententida do Portugal salazarista que gostei muito de ler. Um país pobre feito de gente que se queria com pouca instrução. Uma primeira parte cheio de uma fina ironia que me fez sorrir amiúde.
Já numa segunda parte (a partir do momento em que o pequeno narrador deixa a escola), somos envolvidos por uma tristeza que se nos pega ao corpo, marcada pelas palavras do autor e que vem num crescendo até ao final.
Gostei muito!
domingo, 18 de julho de 2021
Bonita opinião do canal do YouTube "Abrir o Livro"
https://abrirolivro.com/quando-o-sol-brilha-rui-conceicao-silva/
Edmundo, é um jovem que vive numa pequena aldeia do distrito de Bragança, uma aldeia pacata onde todos os habitantes se conhecem. Cuida do seu pai que vive refugiado num mundo imaginário. Felismino, o pai de Edmundo perdeu a sua mulher de uma forma inesperada e desde aí nunca mais conseguiu recuperar a alegra de viver. Desde então vive num mundo imaginário em que todos os dias fica sentado no alpendre à espera de ver os seus cavalos (imaginários). Edmundo, para além de cuidar do pai, tem a seu cargo uma família muito unida, que para além do seu pai e da sua esposa, é composta pelos seus três filhos.
Um dia, numa ida para o trabalho, Edmundo tem um acidente de viação onde acaba por partir as duas pernas. Nesse dia faz uma tempestade enorme e a sua filha mais velha acompanha a mãe na procura pelo seu paradeiro. Devido à chuva e ao frio que apanha para tentar socorrer Edmundo, a filha deste contrai pneumonia que acabará por ser fatal. Após esta tragédia a vida do nosso protagonista será muito afetada e irá mudar radicalmente. Irá refugiar-se no álcool e destruir toda a imagem e postura que tinha.
Após um período de decadência Edmundo irá ser internado numa clinica de reabilitação e criar amizade com algumas pessoas que irão fazer-lhe ver o sentido da vida e ajudá-lo a encontrar um sentido para retomar a sua rotina e o cuidado da sua família.
Foi a minha primeira experiência de leitura com este autor e fiquei rendida à história, gostei imenso das personagens e da essência desta aldeia presente na narrativa. O enredo é fluído e de fácil percepção para a maioria dos leitores. Senti, contudo, que o livro tinha três focos de atenção muito fortes e que levaram a leitura a uma oscilação de sentimentos. O primeiro referente à condição de Felismino e este mundo imaginário que ele vivia. O segundo referente ao gosto de leitura por parte de Edmundo. E um terceiro foco de atenção, muito mais explorado, referente à morte da filha de Edmundo e toda esta decadência e recuperação da personagem. Apesar disto, e admitindo que não conhecia o autor e a sua escrita gostei bastante da leitura e recomendo.
Considero que temos excelentes escritores em Portugal e que infelizmente não lhes é dada a visibilidade que mereciam para poderem mostrar o seu trabalho.
Boa leitura e boas reflexões!»
segunda-feira, 12 de julho de 2021
Linda opinião da leitora Patrícia no goodreads
Patrícia Cabrinha escreveu:
É um livro de afectos, intimista, que fica a ecoar dentro de nós. Um livro nos fala das relações familiares, da amizade, da dicotomia cidade/campo, da solidão, de nos reencontrarmos connosco próprios.
É também um retrato real do país naquela altura: o trabalho (duro) no campo de sol a sol, a solidão e o isolamento das aldeias, o analfabetismo, a pobreza extrema, a imigração para a grande cidade ou para outros países na procura dos sonhos (à custa do quê?) e a consequente desertificação do interior.
Os meus parabéns à editora Visgarolho pela coragem de assumir este projecto em tempos de pandemia e também pelo inegável amor aos (bons) livros.
Parabéns também ao Rui Conceição Silva, um autor que não conhecia, mas que vou agora seguir com atenção.
domingo, 11 de julho de 2021
Bonita opinião da leitora Graciela no facebook
Graciela Antunes escreveu:
Aconselho a leitura.
Senti-me recuar no tempo e fez-me relembrar a infância simples que tive na aldeia. A vida humilde, repleta de sacrifícios e muito trabalho no campo das gentes daquela época. Também alguns que tiveram o mesmo fim do "Carlos" e outros que foram "Rodrigos". Destes, alguns conseguiram "a paz " depois de anos em África, Brasil e até no "termo" de Lisboa, outros nem por isso.
Obrigada Rui Conceição Silva . Para quando o próximo?
Agradecida.
segunda-feira, 5 de julho de 2021
Apresentação do livro "Deste Silêncio em Mim"
Apareçam para dois dedos de conversa!
quinta-feira, 1 de julho de 2021
Bonita opinião do canal do YouTube "M João Covas Livrosgosto"
Bonita opinião da poetisa Valetta no facebook
Poetisa Valetta Stein escreveu:
Admiro, para sempre, este jovem... tão adulto na dor. Como o compreendo...!
Merece o sucesso e o reconhecimento.
A ele (um amigo), muitos parabéns!
Entrevista ao Grupo "O que é PORTUGUÊS é BOM!", do Facebook
https://www.facebook.com/groups/443681989867935
1) O que é, para si, escrever?
É uma
necessidade interior de criar e de me reinventar. Certamente idêntica às dos
pintores, dos escultores, dos músicos, de todos os criadores de arte. Não é um
hobby, pois causa alguma angústia e é um processo muito solitário. Mas creio
que o destino de um escritor é ateimar até morrer. Ateimar nas palavras em
busca de mais um livro. Será assim até ao fim.
2) Quando percebeu que queria ser escritor?
Desde
jovem que sonhava um dia escrever romances. Mas não era uma necessidade
interior. Só se manifestou essa necessidade após o suicídio do meu irmão Tózé,
em 2012. Quando o Sol Brilha resultou
da urgência de falar da perda de alguém que amamos. Como uma espécie de
absolvição ou de redenção. Eu amava muito o meu irmão, tínhamos quase a mesma
idade e costumávamos dizer que éramos gémeos com catorze meses de diferença.
Era o meu melhor amigo, o meu confidente. Hoje, todos os meus livros são para
ele. Pois eu sei que ele está algures no silêncio. Sinto-o muitas vezes comigo.
Os irmãos nunca deixam de existir.
3) Escreve apenas pelo prazer da escrita (se depois for publicado tanto melhor) ou já com o objectivo de publicar o livro?
Escrevo,
não tanto pelo prazer, mas por essa necessidade interior. E, quando escrevo, não
penso na publicação. Vou construindo o rascunho ao sabor das palavras, sem
saber se tem ou não valor. Só quando o termino, e deduzo que possa valer a pena
ser publicado, me preocupo então em fazer uma revisão o mais séria possível,
por respeito aos eventuais leitores. Nessa fase, sim, começo a pensar numa
hipotética publicação. Mas, enquanto escrevo, sigo apenas essa necessidade
interior de criar.
4) Sempre que começa a escrever um novo livro, de onde surgem as ideias?
Por
norma, surgem de um acontecimento simples. No “Quando o Sol Brilha”, lembro-me
de ter ido ao Gerês com a minha mulher e os meus filhos e de, a certa altura, ao
olhar para o horizonte, me ter convencido de que tinha avistado os garranos
selvagens, que tanto queria ver. Mas foi apenas uma visão. Uma simples ilusão
de óptica. Por sorte, dois dias depois, acabei por conseguir vê-los e ficar
maravilhado. Mas fixei essa ideia, a de ter visto primeiro os cavalos na minha
imaginação. E daí o velhote do meu livro, que via cavalos que mais ninguém via.
No “Dei o Teu Nome às Estrelas”, tudo começou quando li um artigo, que falava
dos quadros desaparecidos do pintor José Malhoa. E imaginei um quadro que ele tivesse
pintado e que se tivesse perdido no tempo. Depois, como ele viveu cinquenta
anos aqui em Figueiró, onde inclusive morreu, percebi que era sobre isso que
queria falar. Dele e da sua amizade com Manuel Henrique Pinto, uma amizade
quase lendária na minha terra, neste confim do mundo, de infinita beleza e
triste. No “Deste Silêncio em Mim” tudo começou quando vi um vídeo de um grande
amigo meu, tocando tambor para a montanha. Sozinho, tocando para os ancestrais,
sabendo que eles o escutavam. Creio que isso é um bem inestimável, saber que
Deus está em tudo o que existe e que a morte não é o fim. Que a alma é apenas
energia condensada, que se liberta quando morremos, para se fundir com o
Universo. E esse panteísmo fascina-me, o sermos partes de um todo universal,
presente na natureza e em todas as formas de vida. Nesse dia, onde outros viram
um vídeo, eu vi um possível livro.
5) Descreva-nos, por favor, um pouco o seu processo de escrita.
Confesso
que é um pouco lento. Infelizmente, nunca senti um “cataclismo da alma”, como o
que atacou Gabriel Garcia Marquez
antes de escrever o Cem Anos de Solidão.
Não tenho esse dom. Sei que nunca o terei. Sou apenas uma pequena migalha na
Literatura, que tem de trabalhar muito mentalmente, para construir textos que
justifiquem a eventual publicação do que escreve. Daí que, até agora, só tenha
publicado livros de três em três anos. Normalmente, escrevo à noite, quando o
silêncio é mais abundante. Tenho a sorte de viver numa aldeia, que me
proporciona essa tranquilidade. Mas o meu processo de escrita é realmente lento.
O primeiro capítulo é sempre uma luta. Escrevo-o e reescrevo-o várias vezes.
Por vezes, deixo-o mesmo para mais tarde, e dou por mim a escrever o segundo,
terceiro, quarto capítulo. Mas eu creio que o mais importante é irmos
escrevendo. E encararmos cada capítulo como parte de um todo.
6) Faz planos antes de começar a escrever um livro?
Planos
escritos ou esquematizados, não. Mentalmente, sim, um pouco. Mas já sei que, a
certa altura do rascunho, as personagens vão para onde querem. E eu gosto
disso, de o rascunho ir para onde tem de ir. A única coisa que respeito é a mensagem
base. Acho que isso é fundamental. Mas gosto das ideias que vão surgindo. Do
não estar fechado em ideias estanques.
7) Quanto tempo leva a escrever um livro?
Cerca
de sete-oito meses. Depois, mais três ou quatro a trabalhá-lo. Apesar de já ter
58 anos, não tenho pressa. Não sinto essa sofreguidão de ver livros publicados.
Por exemplo, agora estou de volta de um rascunho, e passo dias a pensar mais
nele do que a escrevê-lo. Apesar de já ter partes escritas, ainda estou a
tentar integrar-me naquele espaço, naquele tempo. O “estar lá”, e viver como
que uma vida paralela, faz-me andar nas ruas distraído. Acho que a minha
família e as pessoas da minha terra já estão habituadas a ver-me assim, a
pensar num rascunho e com a cabeça no ar.
8) Quando a história se desvia do plano inicial, pode obrigar a rever e reescrever partes. É mais difícil reescrever ou escrever pela primeira vez?
É mais
difícil escrever pela primeira vez. Criar será sempre mais difícil do que
aprimorar. Talvez por isso, reescrever certas partes dá-me até algum prazer,
como se fosse um pintor retocando um quadro. Mas esse reescrever é também uma
oportunidade de reflectir sobre partes do texto, tendo sempre presente que, por
vezes, é preciso apagar muito do que se escreve. Que isso faz parte do
processo.
9) Sente que as personagens lideram o processo de escrita? Ou é da total responsabilidade do autor?
Como
já disse anteriormente, as personagens, a certa altura, parecem soltar-se. Pode
parecer estranho para quem não lê, ou lê pouco. Mas, para os leitores que leem
muito, esta é uma verdade que facilmente aceitam. Às vezes, até parece que
certa personagem contradiz o que dela se escreveu anteriormente. Mas as
personagens são como nós, que também mudamos consoante a vida. E, nestes meus cinquenta
e oito anos, já vi muita gente forte que se perdeu, e muita gente frágil que se
agigantou. Na verdade, só sendo postos à prova percebemos a nossa força ou as
nossas fraquezas. Assim são, muitas vezes, as personagens dos livros.
10) Vamos ter livro novo? Se sim, para breve?
Para
qualquer escritor, há sempre um manuscrito que se está a escrever. Mas escrever
não significa necessariamente publicar. Sobretudo no meu caso, que não sei o
que é ter um best-seller. Não tenho essa garantia, esse horizonte. Ainda assim,
só tentarei publicar um novo livro se estiver satisfeito com o rascunho. E sei
que, mesmo após a sua conclusão, dependerei muito da mestria de quem o vai
editar. Por exemplo, o ”Deste silêncio em Mim” foi decisivamente melhorado pelo
Rui Miguel Almeida, editor da Visgarolho. Além de um incrível leitor e de um
grande escritor, o Rui é um extraordinário editor/revisor. Sem ele, o livro não
teria a mesma qualidade.
Mas
não, não tenho prazo para um novo livro. Acontecerá quando tiver de acontecer.
11) Quais são os autores que o inspiram?
Muitos.
Mas posso indicar alguns. Como Gabriel Garcia Marquez. Cem Anos de Solidão e Amor
nos Tempos de Cólera exercem um grande fascínio sobre mim. Grande parte dos
seus livros, bem como Llano em Chamas
e Pedro Páramo, de Juan Rulfo, percursor
do realismo mágico, são dos que mais reli até hoje. Gosto também muito de Luis Sepúlveda
e de Primo Levi. Se Isto é um Homem foi
dos livros que mais me marcou até hoje, por todas as atrocidades que o ser
humano pode fazer ao seu semelhante. Noutro registo, admiro sobremaneira o Tolkien,
por todo o legendarium que criou,
desde o Silmarillion até ao Senhor dos Anéis. Dos autores portugueses,
os que mais admiro são Miguel Torga, Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett, José
Saramago, Maria Judite de Carvalho, Alves Redol e Eça de Queirós. E tenho um
carinho especial por Júlio Dinis, pois foi o primeiro autor português que
“conheci” na minha juventude, e a quem gosto sempre de voltar. Dos
contemporâneos, admiro muito o Valter Hugo Mãe e o José Luís Peixoto. E estou
agora a descobrir a Célia Correia Loureiro, que acho que vai ter um grande
futuro. Mas ficam muitos por indicar, o que é sempre injusto. Ademais, também
gosto de outras formas de literatura. Como a banda desenhada, por exemplo. Sou
um grande fã do René Goscinny, co-autor do Astérix
e do Lucky Luke. Adoro aquele tipo de
humor.
12) O que gosta de fazer quando não está a escrever?
Ler,
passear, ver filmes e desporto na televisão, visitar os meus pais, ir à
Biblioteca Municipal. E adoro estar com a minha mulher e com os meus filhos.
Falamos e rimo-nos muito. Mas a maior maravilha da minha vida é brincar com os
meus netos.
13) O que é que os livros (os seus e os dos outros autores) lhe dão?
Dão-me
novos mundos e a possibilidade de viver mil vidas. O prémio de me maravilhar
com frases incríveis e de poder ler histórias fascinantes. A ventura de perceber
novas maneiras de pensar e a possibilidade de descobrir outras formas de ver o
mundo e a vida. No maravilhoso filme Shadowlands,
sobre C.S. Lewis, há nele uma frase muito bonita: “Lemos para sabermos que não
estamos sozinhos”. Um livro é sempre uma boa companhia.
14) Enquanto leitor, qual o seu género favorito?
Gosto,
sobretudo, de romances, de memórias e de biografias. Mas também gosto de
poesia, sobretudo a de Eugénio de Andrade e a de Sophia de Mello Breyner. Creio
que, sem me aperceber, todos os poemas que li desde os meus catorze-quinze anos,
me ajudaram a ter uma espécie de prosa poética. Dos muitos géneros que existem,
confesso que não sou grande fã de terror e de suspense.
15) Escreveria um livro de um género fora da sua zona de conforto? Um livro de ficção cientifica, por exemplo?
A meu
ver, e no que concerne especificamente à escrita, ficar na zona de conforto é
algo natural. Todos passamos anos, por vezes décadas, a criar o nosso estilo e
a nossa forma de estar e, abdicar disso, pode não ser benéfico. Hoje em dia,
fala-se da zona de conforto como se fosse uma coisa má ou impeditiva, como uma
espécie de fraqueza. Mas, se estamos bem e somos felizes assim, para quê mudar?
Nem todas as mudanças são salutares. No meu caso, gosto do que escrevo. Continuar
é o meu caminho. Mas compreendo que muitos autores precisem de novos desafios e
de novos horizontes. Admiro-os por isso. Mas, admirar uma pessoa, não significa
necessariamente que queiramos ser como ela.
16) Como é que os seus familiares, amigos e colegas de trabalho reagem a esta sua faceta de escritor?
Para
os amigos, acho que sou o cromo que escreve livros. Mas já não estranham. Sabem
que faz parte de mim, da mesma maneira que o meu jeito tímido e meio trapalhão.
Para a minha família, eu sou apenas o Rui. Eles sabem que o facto de escrever
livros não é o mais importante para mim. Que essa não é a melhor parte de mim. Na
verdade, tento apenas ser boa pessoa e ultrapassar os limites em que nasci. Os
meus avós eram lavradores e não sabiam ler. O meu pai foi um simples operário e
a minha mãe funcionária dos Correios. Pela lógica, eu nunca seria escritor.
Mas, tudo o que eles me ensinaram, com a sua sabedoria simples e repleta de
amor triste, é que fez de mim o que sou. Hoje, apercebo-me de que toda aquela
ternura e tristeza desaguam agora nos meus livros.
17) Para finalizar, fale-nos um pouco dos seus livros publicados. Qual é o seu favorito? Qual foi mais difícil de escrever?
Acho que não tenho preferências. Todos ocupam um lugar especial no meu peito. Talvez o mais difícil de escrever tenha sido o Quando o Sol Brilha. Era o primeiro romance e ainda procurava a minha voz. Espero tê-la encontrado.
· Como nota final, quero agradecer-vos, Maria João Covas e Maria João Diogo, por esta entrevista e por ser o autor do mês no vosso grupo. É uma honra muito grande. Sou uma pessoa simples, e gestos como estes agigantam-se dentro de mim como lendas inesquecíveis. E agradecer tudo o que têm feito pela Literatura e pelos nossos autores. São pessoas como vós, que me fazem acreditar na bondade e na generosidade do ser humano. Que valerá sempre a pena investir num abraço, como este que vos deixo.